Rio-2016: desistência de empresa de segurança obriga governo a gastar mais que o previsto

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Faltando apenas três dias para a abertura oficial da Olimpíada no Rio de Janeiro, o governo federal está envolto em confusão criada com a desistência da empresa Artel Recursos Humanos, de Santa Catarina, de fazer a revista nos acessos às áreas de competição e convivência dos Jogos.

O Ministério da Justiça já foi acionado e declarou que 3,4 mil policiais e bombeiros aposentados estarão na cidade-sede dos jogos para atuar na revista dos acessos às áreas olímpicas, além do Cristo Redentor e do Pão de Açúcar.

A inclusão dos pontos turísticos foi pedido do secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame. Para isso, utilizarão 50 detectores que estão sem uso no Ministério da Justiça, em Brasília.

É importante salientar que toda essa mobilização deve custar em diárias ao governo cerca de R$ 38 milhões. Não está contabilizado o período da Paraolimpíada. Cada um dos recrutados receberá diária de R$ 560,50 até o dia 22 de agosto. Os funcionários da Artel receberiam R$ 26 por dia. Há também despesas de passagens aéreas e terrestres a serem contabilizadas. Contudo, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, afirma que o gasto não passará de R$ 20 milhões.

A Artel Recursos Humanos, vencedora da licitação fechada há um mês, receberia R$ 17,3 milhões para fornecer até 5 mil homens que cuidariam dos raios-X, dos detectores de metal e da revista de bolsas nas áreas de acesso às competições. A Artel pedira um acréscimo de R$ 2 milhões para contratar as pessoas.

Como não foi capaz de cumprir o contrato – segundo o governo, a empresa apresentou apenas 527 dos homens previstos -, a Artel teve de ser substituída pelos PMs e pelos bombeiros inativos, que estão sendo selecionados pela Força Nacional.

O ministro informou que abriu um processo administrativo contra a companhia, que, conforme ele, será multada e impedida de participar de futuras licitações com o governo federal.

Os policiais e os bombeiros ainda estão sendo orientados a trazer colchões, já que ficarão no conjunto do Minha Casa, Minha Vida onde estão hospedados os militares.

“Todo o cronograma de segurança foi cumprido. Já temos todos os 3.400 e até amanhã todos estarão treinados e operando. Teremos até uma segurança maior, já que são policiais”, disse o ministro Alexandre de Moraes.

Nesta terça, a falta de pessoal causava filas nos acessos ao Parque Olímpico da Barra da Tijuca.

Nas Paraolimpíadas, o valor da diária volta ao normal do servidor público, que é de R$ 224,20. A informação consta do Diário Oficial da União, em sua edição de 15 de julho.

Há a possibilidade, também de que seja feito um acordo com a pasta, de desmobilização de parte do efeito, com o argumento de que a demanda pode ser diferente – o que economizaria mais dinheiro público. A Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos também diz que o valor exato só vai ser fechado após os Jogos.

Após a Artel comunicar sua desistência ao governo federal, na última quinta-feira (28), a Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos (Sesge) propôs ao Comitê Rio-2016 a divisão da coordenação dos acessos. Parte ficaria com o governo federal e outra com o comitê. O plano inicial de segurança era que essa operação seria toda de responsabilidade da Sesge.

De acordo com informações do jornal “Folha de S.Paulo”, o comitê recusou a proposta por falta de dinheiro e por não conseguir contratar mais de mil pessoas em uma semana. Então, fez-se um acordo em que o centro de mídia e a Vila dos Atletas ficassem com a empresa Sunset, contratada pelo comitê organizador até o fim da Olimpíada, em 21 de agosto. O governo federal afirma que cumprirá a revista nas outras áreas olímpicas.

A Artel propôs ficar com parte da operação para colocar os 527 funcionários contratados para trabalhar, mas Moraes não aceitou. O representante da Artel, Deivison Scheffer Jacinto, 25, que assinou contrato com o governo, não foi encontrado para comentar o assunto.

Os funcionários que foram contratados ainda não receberam pelos dias trabalhados e não foram avisados oficialmente sobre o fim do contrato.

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