Começa a cair por terra o discurso rocambolesco e embusteiro da senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), sobre o escândalo de corrupção que tem na mira o seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento e Comunicações).
Acusado de ser o patrono de um esquema de corrupção que funcionou no Ministério do Planejamento, entre 2009 e 2015, e surrupiou mais de R$ 100 milhões de servidores federais, inclusive aposentados, que recorreram a empréstimos consignados, Bernardo, juntamente com mais doze pessoas, tornou-se réu por organização criminosa. De acordo com denúncia do Ministério Público Federal (MPF), o grupo comandado por Paulo Bernardo repassou o dinheiro desviado ao Partido dos Trabalhadores e a agentes públicos e privados.
O esquema desmontado pela Operação Custo Brasil, desdobramento da Operação Pixuleco II (18ª fase da Operação Lava-Jato), rendeu ao ex-ministro indiciamento pela Polícia Federal por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e integrar organização criminosa. Outras 21 pessoas que participaram do esquema também foram indiciadas.
Entre 29 de julho e 1º de agosto, o MPF ofereceu três denúncias no âmbito da Custo Brasil. Na primeira, que versa sobre o contrato fraudulento entre a empresa Consist e o Ministério do Planejamento, treze pessoas foram denunciadas, entre as quais Paulo Bernardo e João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT. Todos foram denunciados por organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e obstrução da investigação.
A defesa do petista informou, por meio de nota, que “Paulo Bernardo não teve qualquer envolvimento com os fatos na denúncia. O acordo de cooperação técnica foi celebrado autonomamente entre a Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento e as associações privadas. Não houve qualquer benefício, direto ou indireto, a Paulo Bernardo decorrente desse acordo. Acredito que isso ficará claro ao final do processo”.
Na segunda denúncia, aos colaboradores eventuais e funcionários de Paulo Bernardo foi imputado o crime de lavagem de dinheiro. O procurador da República Andrey Borges de Mendonça foi claro na denúncia: “Paulo Bernardo tem ciência de tudo no esquema, ele nomeia as pessoas chaves para os cargos e ele tem ciência de tudo e participa ativamente nos bastidores, ele não aparece formalmente, mas tomava as decisões”.
Na terceira denúncia o foco é o fundador da Consist, denunciado por organização criminosa, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. “O Ministério Público tem a perspectiva que as denúncias sejam recebidas e que até o fim do ano tenhamos as sentenças condenatórias em relação à Operação Custo Brasil”, destacou o procurador Rodrigo de Grandis.
Por maio de nota, a Consist informou que “sempre colaborou e continuará colaborando com a Justiça Federal e com os órgãos de investigação e considerando que o processo corre em segredo de justiça nada tem a declarar”.
Preso no dia 23 de junho, Paulo Bernardo foi colocado em liberdade seis dias depois por decisão do ministro Dias Toffoli (SFT). A defesa do ex-ministro atravessou uma reclamação protocolada no Supremo Tribunal Federal e que tinha como objeto o fato de a operação de busca e apreensão ter se dado no apartamento funcional ocupado por Gleisi Hoffmann, casada com o ex-ministro.
Contudo, a situação de Paulo Bernardo piorou sobremaneira nos últimos dias. Horas antes de tornar-se réu na referida ação, o petista foi surpreendido por pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que requereu ao STF o retorno de Bernardo à prisão. Na reclamação enviada à Corte, Janot alegou que o acusado poderá voltar a cometer crimes e que estaria ocultando patrimônio por meio de aplicações em fundos de previdência privada, o que impede o bloqueio do valor em caso de decisão judicial.