Uma denúncia de abuso sexual e tentativa de estupro contra o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) saiu das entranhas de uma fracassada “operação abafa”, ganhou o noticiário pelas mãos dos jornalistas Hugo Studart e Leandro Mazzini (Coluna Esplanada) e agora avança na seara política com possíveis representações criminais contra o parlamentar.
Uma jovem de 22 anos, estudante da UnB e integrante da Juventude do PSC, conheceu Feliciano por questões político-partidárias e aceitou o convite para que o parlamentar fosse seu guia espiritual. Interessada na eventual instalação da CPI da UNE, a jovem foi convidada pelo deputado para participar de uma reunião sobre a tal Comissão Parlamentar de Inquérito com a presença de mais pessoas. O encontro estava marcado para o apartamento funcional ocupado por Feliciano.
Ao chegar ao local, a jovem percebeu que somente o deputado estava no imóvel. Segundo relatos, Feliciano trancou a porta e passou a assediar sexualmente a jovem e tentou estuprá-la. Diante da recusa da estudante, o deputado pelo PSC paulista passou a agredi-la fisicamente, desferindo um soco na boca jovem. Antes disso, Feliciano ofereceu à estudante um cargo comissionado no PSC, com direito a alto salário, desde que ela fosse sua amante.
Depois do trágico episódio, a jovem entrou em contato com o deputado para cobrar explicações, informando que seu lábio estava com hematoma, ao que Feliciano sugeriu que usasse batom para disfarçar. Depois de alguns contatos, o parlamentar trocou o número do telefone móvel e o assunto passou a ser tratado pelo chefe de gabinete.
Na conversa gravada com o assessor parlamentar, a jovem relata o que ocorreu, cobra providências e não poupa o deputado Marco Feliciano, sempre lembrando que seu objetivo não é prejudicar qualquer pessoa, mas que não aceitaria ser prejudicada.
A conversa vazou e a jovem revelou o fato ao jornalista Hugo Studart, seu ex-professor na UnB, que divulgou o caso nas redes sociais. Após isso, muitos episódios estranhos ocorreram, como uma repentina mudança na versão dos fatos, um vídeo gravado pela jovem elogiando o deputado e dublê de pastor, uma viagem repentina da estudante a São Paulo, entre outros.
Da capital paulista a estudante telefonou para sua mãe em Brasília, ocasião em que solicitou os dados de uma conta bancária para depósito, mas que deveria ser de pessoa jurídica. Em conversa com o jornalista Leandro Mazzini, a mãe da estudante disse que passou a estranhar o comportamento da filha, assim como não entendeu sua viagem a São Paulo.
Em sua coluna Mazzini relata: “O misterioso depósito que viria de São Paulo, segundo a mãe, não aconteceu. Ela disse que poderia ser um valor para as palestras que a filha ministra para juventude do PSC em algumas cidades, quando é convidada ( já há palestra agendada para este mês, segundo revela a senhora ). Após conversar com a filha por telefone na terça, dia do encontro com o repórter, a mãe da jovem ligou para a Coluna e mudou a versão: ela teria caído e bateu a boca no chão. Não convenceu – visto que a própria menina relatou a agressão em outra ocasião.”
O jornalista continua: “Fato é que a jovem voltou hoje para Brasília, e não gravou mais vídeo, por ora. Disse que registrou boletim de ocorrência na Polícia sobre a suposta perseguição para ‘prejudicar Feliciano’, agora segundo ela um ‘cara bacana’, mas o B.O. não apareceu. No áudio que diz ter gravado o chefe de gabinete do deputado, ela insiste mais de uma vez que o partido deveria resolver sua situação interna.”
A reviravolta no caso ultrapassa os limites da estranheza. Duvidar da responsabilidade profissional e da competência de ambos os jornalistas (Hugo Studart e Leandro Mazzini) é um atentado ao bom senso.
Conforme publicado em seu perfil no Facebook, Studart informa que a jovem “está indo à polícia, em companhia do Feliciano, para juntos fazerem um BO contra mim e o jornalista Leandro Rodrigues Mazzini por termos inventado essa história. Mesmo com a divulgação do áudio que ela gravou [confira abaixo] e entregou por conta própria para o Mazzini, ela está negando”.
Parlamentares que tomaram conhecimento do caso já se movimentam na Câmara dos Deputados para representar contra Marco Feliciano na Justiça, o que certamente renderá sérios problemas ao pastor que é casado, tem três filhas e costuma empunhar o microfone para dar lições de moral e defender a família.