Pesquisa eleitoral é uma “fotografia” do momento e nem sempre antecipa o que pode acontecer mais adiante. Até porque, dizia o ex-governador Magalhães Pinto, de Minas Gerais: “Política é como nuvem. Você olha e ela esta de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”.
Independentemente da sábia profecia de Magalhães Pinto, a mais recente pesquisa Ibope sobre a corrida à Prefeitura de São Paulo mostra um quadro que certamente preocupa o eleitor paulistano. Em primeiro lugar, com 33% dos votos, aparece Celso Russomanno (PRB), seguido por Marta Suplicy (PMDB), com 17%. Em terceiro lugar, empatados com 9% cada, estão Fernando Haddad (PT), João Doria Jr. (PSDB) e Luiza Erundina (PSOL).
Esse quadro aponta para diversas situações. A primeira delas é que, de acordo com os números do Ibope, se a eleição fosse hoje, Russomanno e Marta Suplicy seguiriam para o segundo turno. Independentemente de quem fosse eleito, a maior cidade brasileira seria entregue nas mãos de políticos com currículos marcados por polêmicas. Como ingrediente extra, Russomanno tem a fama de largar na frente e nem mesmo pagar “placê”. O índice de rejeição de Celso Russomanno é de 24%, enquanto o de Marta é de 35%.
Em relação aos candidatos que ocupam o terceiro lugar, há situações interessantes. Haddad tem um índice de rejeição elevado (52%), algo que preocupa a cúpula petista. A situação pode piorar, pois Haddad foi obrigado a se reaproximar de Dilma Rousseff, a presidente afastada que deve ter o impedimento confirmado pelo Senado. E os efeitos colaterais dessa reaproximação são imprevisíveis, especialmente na cidade que liderou o movimento pelo impeachment da petista.
Quando venceu a eleição em 2010, Fernando Haddad era a novidade da campanha e tinha como padrinho político o então presidente Lula, que na ocasião estava com a imagem pouco desgastada e ainda não tinha mergulhado de vez na lama do Petrolão. Fora isso, Haddad teve o nome mencionado na delação do casal João Santana e Monica Moura. Para completar, na eleição deste ano Haddad é um velho conhecido que deixou de cumprir muitas promessas de campanha. Sem contar que apenas 13% aprovam a administração petista.
No tocante a Luiz Erundina, a deputada federal pelo PSOL tem um eleitorado cativo, mas aos 81 anos saiu candidata não por causa de chances reais de vitória, mas para puxar os candidatos da legenda à Câmara Municipal paulistana. Ademais, o índice de rejeição de Erundina é de 25%.
Na terceira posição do pelotão de frente da corrida ao trono paulistano, ao lado de Erundina e Haddad, a novidade é o empresário João Doria, do PSDB, que tem 12% de rejeição. De quebra, Doria está em situação confortável em relação aos adversários. Estreante na cena política, o candidato tucano não é vítima do chamado “recall”, algo que atrapalha os outros candidatos, conforme mostram os respectivos índices de rejeição.
O Ibope ouviu 805 eleitores da capital paulista entre os dias 19 e 22 de agosto. A margem da pesquisa de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. Ou seja, considerada a margem de erro, a probabilidade de o resultado retratar a realidade é de 95%.