Crente que a imunidade parlamentar lhe garante o direito de atropelar a lei e a desafiar a todos, Gleisi Helena Hoffmann, a mais descontrolada defensora da presidente afastada, viu, na manhã desta sexta-feira (26), ruir o castelo do seu falso moralismo.
Acostumada a tratar a tudo e a todos com excesso de desdém, como se um mandato eletivo fosse a senha para a impunidade, Gleisi estreou no julgamento final do impeachment puxando a fiada dos embates polêmicos. Depois de afirmar que não há no Senado alguém com moral para “cassar” Dilma, a senadora petista tornou-se alvo fácil dos atuais governistas.
A primeira investida contra Gleisi partiu do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), que, em referência ao marido da senadora (Paulo Bernardo da Silva), disse não ser “ladrão de aposentados”. A fala de Caiado teve por base o esquema Consist, cujo comandante, segundo a Polícia Federal, é Bernardo. As investigações apontaram o roubo de mais de R$ 100 milhões de servidores federais aposentados que valeram-se dos chamados empréstimos consignados.
O segundo entrevero envolvendo Gleisi aconteceu na manhã desta sexta-feira (26) e teve o senador Renan Calheiros, presidente do Senado, como adversário. Renan disse, em plenário, que o Senado havia se transformado em um “hospício”, afirmação suficiente para irritar o petista Lindbergh Farias. Ao defender Lindbergh, seu companheiro na tropa de choque de Dilma, a senadora paranaense teria chamado Renan de “mentiroso” e “canalha”.
Indignado com os xingamentos, possivelmente porque a carapuça lhe serviu, Renan Calheiros usou o microfone do plenário para anunciar que há um mês Gleisi lhe pediu para interferir junto ao Supremo Tribunal Federal para evitar o seu indiciamento e o do seu marido, ambos investigados na Operação Custo Brasil.
Falsa moralista, Gleisi terá seu destino político definido na próxima terça-feira (30), quando a Segunda Turma do STF decidirá sobre o pedido de indiciamento apresentado pela Procuradoria-Geral da República. De acordo com as investigações da Operação Lava-Jato, Gleisi recebeu R$ 1 milhão em propina do esquema de corrupção conhecido como Petrolão. A senadora nega, mas pelo menos seis delatores da Lava-Jato confirmaram que Gleisi recebeu dinheiro do esquema.
Com a revelação feita por Renan, no calor dos ânimos, a situação de Gleisi Hoffmann piora sobremaneira, pois a partir de agora causará estranheza se a parlamentar petista não for indiciada o âmbito da Operação Custo Brasil, desdobramento da Operação Pixuleco II (18ª fase da Lava-Jato).
A Pixuleco II prendeu o petista Alexandre Romano, conhecido como Chambinho, que acabou fechando acordo de colaboração premiada. Aos investigadores, Chambinho detalhou o esquema criminoso operado pela Consist e não poupou Gleisi e Paulo Bernardo.