Nesta segunda-feira (24), a Polícia Federal indiciou o ex-ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda e Casa Civil) pelo crime de corrupção passiva. O ofício foi comunicado ao Ministério Público Federal (MPF) e ao juiz Sérgio Moro, por meio do sistema da Justiça Federal.
Também foram indiciados os publicitários João Santana e Mônica Moura (responsáveis pelas campanhas petistas), o empreiteiro Marcelo Odebrecht, Juscelino Dourado (ex-chefe de gabinete de Palocci), Branislav Kontic (ex-assessor de Palocci) e o empresário Benedicto Barbosa da Silva Júnior.
Palocci, Antonio e Branislav foram indiciados por corrupção passiva. O presidente afastado da empreiteira Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, foi indiciado por 16 crimes de corrupção ativa. João Santana e Mônica Moura foram indicados por ocultação de valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal.
João Santana e Mônica Moura, também alvos de outra ação penal, foram indiciados por lavagem de dinheiro e ocultação de bens. Segundo o relatório da PF, os marqueteiros receberam cerca de US$ 11,7 milhões em 21 parcelas na conta da Shellbil Finance S.A, valores oriundos de esquema de corrupção entre o ex-ministro Antonio Palocci e Marcelo Odebrecht, ocultados em instituições financeiras na Suíça em uma empresa offshore.
O relatório ainda atesta que Palocci valeu-se do cargo que exerceu nos governos de Lula e Dilma para coordenar de maneira sistemática o esquema de corrupção. De acordo com a PF, ele coordenou o recebimento de propina ao casal João Santana e Mônica Moura, em dois momentos diferentes; solicitou e recebeu, através de Juscelino Dourado, valores em várias parcelas; solicitou e coordenou a compra de um terreno pela empreiteira Odebrecht no qual se pretendia construir a sede de Instituto Lula; entre outros atos identificados pelos investigadores da polícia.
O ex-ministro está preso desde o dia 26 de setembro, quando foi deflagrada a 35º etapa da Lava Jato, a operação Omertà, que tem como principal foco a relação de Palocci com a empreiteira Odebrecht. Ele e o assessor são suspeitos de receber propinas da empreiteira para atuar em favor da empresa. Conforme as investigações, os repasses feitos a Palocci entre 2006 e 2013 ultrapassam a marca de R$ 128 milhões.
São investigados pagamentos feitos ao PT, por meio de depósitos pela Odebrecht intermediados por Antônio Palocci: R$ 33,3 milhões via offshores ao casal João Santana e Mônica Moura, além de R$ 10 milhões por meio da empresa Shellbil, R$ 44 milhões recebidos por Juscelino Dourado (ex-assessor de Palocci) e outros R$ 7 milhões em 2012.
O indiciamento de Palocci, João Santana, Mônica Moura e Marcelo Odebrecht representa uma nova pá de cal na sepultura política do PT, que a todo custo tenta ressurgir da lama da corrupção. De igual modo, a decisão da PF é mais um complicador para Lula e Dilma Rousseff, que assistem ao fechamento do cerco da Operação Lava-Jato.