Em matéria jornalística, publicada na edição de quarta-feira (23), sobre o pacote de medidas anticorrupção que está em discussão na Câmara dos Deputados, o UCHO.INFO alertou para a necessidade de os brasileiros pressionarem os parlamentares para que o projeto não perca o seu objetivo. Esse movimento da sociedade é importante porque não se pode permitir que políticos fiquem impunes no âmbito dos crimes que cometeram e ainda cometem.
Este portal entende que o País tem leis suficientes para combater a corrupção e punir os corruptos, mas diante do projeto apresentado pelo Ministério Público Federal a alternativa é impedir a manutenção o criminoso status quo da política nacional.
Que ninguém se engane com a decisão da Comissão Especial criada para analisar o pacote anticorrupção, que aprovou por unanimidade (30 votos) o parecer do relator da matéria, deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Afinal, nos bastidores da Câmara cresce desde as primeiras horas desta quinta-feira (24) o movimento de políticos em busca de uma manobra em plenário com o objetivo de anistiar aqueles que anteriormente praticaram o malfadado caixa 2.
De conteúdo complexo, o texto da proposta, que mereceu quatro relatórios de Onyx Lorenzoni, é cheio de armadilhas, as quais tornam-se mais perigosas de acordo com a interpretação e os interesses dos corruptos. A proposta pode ser votada ainda nesta quinta-feira no plenário da Câmara, que corre o risco de ser palco de um golpe contra a vontade popular.
É importante salientar que nas coxias do Legislativo agem aqueles que preocupam-se com os desdobramentos da Operação Lava-Jato, que pelo desenrolar dos fatos deve permanecer em cartaz por pelo menos mais dois anos. A pressão vem sendo exercida na Câmara não apenas pelos parlamentares, mas também e principalmente por representantes do setor privado, em especial do setor financeiro e de empreiteiras. Afinal, ambos os segmentos estão envolvidos na Lava-Jato, apesar de até o momento os bancos não terem sido incomodados pelas autoridades, o que causa estranheza.
Diferentemente do que pregam alguns deputados, uma eventual anistia aos crimes pretéritos de caixa 2 não significa que os transgressores ficarão impunes, pois a prática compreende o uso de recursos não declarados. Ou seja, não contempla o uso de dinheiro proveniente de corrupção no financiamento de campanha, por exemplo. Afinal, uma coisa é crime fiscal, outra é crime de corrupção.
Não importa que exista nesse escopo a dupla interpretação. É preciso que a sociedade pressione de forma constante os políticos que decidirão, possivelmente nas próximas horas, como se dará o combate à corrupção no País.
Se nada for feito, o Brasil terá de conviver com a essência bandoleira da classe política, que no vácuo de mandatos eletivos continuará decidindo o futuro da nação. Ou coloca-se o pé na porta, ou aceita-se a casa arrombada. A escolha é sua, pois a parte que cabe ao UCHO.INFO vem sendo feita há mais de quinze anos.