Em debate promovido na manhã desta quarta-feira (7), na Procuradoria-Geral da República, sobre as dez medidas de combate à corrupção, o senador Ronaldo Caiado (GO) destacou a importância de o Senado construir consenso e um texto alinhado aos anseios da população, que não mais suporta a roubalheira sistêmica que levou o País à mais grave crise de sua história.
Após o Senado barrar, com seu apoio, a votação-relâmpago do projeto desfigurado pela Câmara dos Deputados na última semana, Caiado afirmou buscará um amplo debate com a participação do Ministério Público, do Judiciário e de estudiosos do tema. O parlamentar também falou sobre os mais urgentes desafios do Parlamento, que é a aprovação de medidas que visam à recuperação econômica do País, a revisão do sistema eleitoral e impedir qualquer tentativa de comprometimento do combate à corrupção.
“Depois de evitarmos a votação a toque de caixa no Senado desse texto das dez medidas, o tema será amplamente debatido na Comissão de Constituição de Justiça e vamos buscar um consenso na Casa. Nossa tarefa agora é buscar a opinião e assessoramento do Ministério Público, Justiça Federal e estudiosos do tema para construir um texto alinhado com o que a população brasileira espera. No domingo estive na manifestação na Avenida Paulista e o povo não abre mão do combate à corrupção. Foram o Ministério Público e a Justiça Federal que trouxeram de volta a esperança do povo simbolizada na Lava-Jato. A operação não pode ser comprometida”, disse Caiado.
O líder do Democratas no Senado reforçou sua posição contrária à discussão e à votação do projeto que trata do abuso de autoridade (PLS 280/2016). “Deixei clara minha posição sobre o projeto do abuso de autoridade. Por requerimento de minha autoria, vamos derrubar hoje a urgência dessa matéria que está na pauta da ordem do dia. Não é o momento de discutirmos abuso de autoridade. O povo espera medidas que combatam a crise. Essa é a urgência. Nas ruas, ouvi domingo que o item primeiro que povo quer é o combate à corrupção e segundo são alternativas para os 12 milhões de desempregados. É na situação caótica da economia que precisamos nos concentrar. Esse tipo de projeto como o de abuso de autoridade só serve agora para incitar a desobediência civil”, argumentou.
Ronaldo Caiado aproveitou o encontro para defender sua posição sobre a alteração do sistema eleitoral brasileiro como condição para garantir a governabilidade. “Precisamos mudar o sistema eleitoral do país. Hoje temos um sistema que só gera ingovernabilidade. Faz tempo que não temos um governo que consiga passar quatro anos só dedicados a regatar saúde e educação. O sistema eleitoral precisa mudar para que tenhamos um Congresso independente, sem amarras para apreciar os projetos que o país precisa. A mudança que o país precisa, e começou com ação do povo, não encerra com o impeachment, continua com as eleições de 2018”, acrescentou.
Ainda no debate na PGR, o senador goiano ressaltou a necessidade de se acabar com o foro privilegiado para que ministros, parlamentares, presidente da República não usem essa condição em benefício próprio, fazendo desse equivocado dispositivo constitucional uma espécie de passe livre para a transgressão legal.