Lava-Jato: esquema no setor de informática continua funcionando e poderá ir pelos ares em breve

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Entre os muitos anéis de corrupção que surgiram na órbita da Operação Lava-Jato, que desmontou o esquema criminoso conhecido como Petrolão, pelo menos um deverá chacoalhar com mais intensidade no ano que acaba de estrear. Isso porque autoridades estariam monitorando um movimento quase que sistemático de compra de dólares no mercado negro, em Brasília.

Antes de deflagrar a Lava-Jato, ainda duvidando das várias denúncias feitas pelo editor do UCHO.INFO e pelo empresário Hermes Magnus (encontra-se asilado), os investigadores convenceram-se definitivamente acerca do escândalo de corrupção a partir da movimentação estranha que ocorria em um posto de combustíveis de Brasília, o Posto da Torre, que deu origem ao nome da operação da Polícia Federal. Antes de a PF entrar em ação, o Posto da Torre era administrado pelo doleiro Carlos Habib Chater, preso na operação.

Na nova cruzada, os investigadores colocaram mais uma vez na alça de mira os negócios nada ortodoxos realizados pelo então deputado federal André Vargas Ilário (cassado), atualmente preso no Complexo Médico-Penal de Pinhais, na Grande Curitiba, por determinação do juiz Sérgio Moro, e também pelos comparsas do ex-petista.

No momento, o que desperta a atenção das autoridades é o conjunto de reticências que surge no rastro dos negócios realizados por Vargas e por um dos seus parceiros, conhecido por Alceu, o AMJ. Há alguns longos meses vivendo em quase reclusão, o tal Alceu trocou um caro e elegante apartamento de cobertura no Setor Noroeste de Brasília por uma espaçosa, confortável e igualmente cara mansão à beira do Lago Sul, onde passa os dias a comandar os negócios por telefone. Muito raramente vai ao seu escritório, camuflado como banca de advocacia, localizado no concorrido edifício Brasil 21, onde funciona outra empresa que lesa o erário através do setor de tecnologia da informação (TI).


Se nos primeiros capítulos do imbróglio envolvendo André Vargas e AMJ o elo dos negócios era a empresa IT7, de Curitiba, agora os assuntos são represados por outra companhia, cujo dono, conhecido por Marcão, anda desaparecido. Certamente porque sabe que a Polícia Federal está no seu encalço, assim como no medroso Alceu.

Enquanto o medo não o atormentava, Marcão esbanjava ousadia, como se fosse o rei do universo. Na inauguração da nova sede da sua empresa, na capital dos brasileiros, Marcão não economizou palavras para traduzir sua alegria e disparou: “Mais um sonho realizado. Estamos super felizes e orgulhosos de inaugurar neste dia 30 o Data Center V… Agora é só pintar o Brasil de verde.”

O esquema criminoso ganhou ramificações e avançou sobre vários órgãos federais, como Caixa Econômica Federal, Ministério da Saúde, Serpro e Judiciário. Quando a Polícia Federal bater à porta dos envolvidos que ainda estão em liberdade, não sobrará pedra sobre pedra. E André Vargas ficará diante de um enorme dilema: permanecer calado ou denunciar os comparsas, começando por Alceu, que durante muito tempo lhe emprestou um jatinho para estripulias políticas e pessoais.

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