Donald Trump, o hilário presidente dos Estados Unidos, não foge à regra e comporta-se como a extensa maioria dos governantes bufões e populistas, que diante do próprio fracasso culpam a imprensa. Uma espécie de receita pronta que tem efeito reverso.
Fazendo da Casa Branca o endereço oficial da pilhéria ianque, Trump quer creditar aos veículos de comunicação de todo o planeta, em especial aos dos EUA, o insucesso de suas estapafúrdias medidas, como se a opinião pública não conhecesse a realidade.
Com a insatisfação dos americanos crescendo com o passar dos dias, o magnata tenta buscar um culpado por não conseguir cumprir as bizarras promessas de campanha. E é nesse exato ponto que mora o perigo em relação ao futuro de Donald, que continua acreditando ser o imperador do universo.
A polêmica e surpreendente entrevista concedida na quinta-feira (16) por Trump, em que condenou o “tom de ódio” de alguns veículos midiáticos do país, em especial da emissora de televisão CNN, repercutiu em todo o planeta. E não poderia ser diferente, pois a sede do governo americano foi transformada em picadeiro.
Na entrevista, cuja pauta era a nomeação do novo secretário do Trabalho, Donald Trump criticou quase todos os maiores veículos de comunicação dos Estados Unidos. Acusou o “The New York Times” de debilitado, afirmou que a CNN divulga notícias falsas e afirmou que o “The Wall Street Journal” é mal agradecido.
A CNN classificou a entrevista como “um momento inacreditável na história”, como de fato foi. O jornal alemão “Die Welt” afirmou que as revelações feitas por Trump sobre si mesmo são chocantes. O periódico italiano “La Repubblica” escreveu que jamais um presidente havia declarado a mídia sua inimiga número um. Já o jornal britânico “The Guardian” afirmou que a apresentação de Donald Trump seria engraçada se não fosse tão assustadora. O site alemão “Spiegel Online” duvidou até mesmo da saúde mental do presidente.
O apresentador Shepard Smith, da emissora conservadora Fox News, considerada pró-Trump, não se conteve e usou palavras claras para definir o que viu. “É impressionante o que nós vemos todos os dias. É completamente maluco”, afirmou, acrescentando que Trump repete “alegações tolas que simplesmente não são verdadeiras, e desvia das perguntas sobre a Rússia. Como se fôssemos idiotas ao fazer essas perguntas”.
Os jornalistas questionaram as conexões do ex-assessor de segurança nacional, Michael Flynn, com a Rússia. O general reformado renunciou ao cargo na última segunda-feira (13), depois de o jornal “The Washington Post” ter revelado que Flynn teria conversado com o embaixador russo em Washington sobre as sanções aplicadas pelo governo do presidente Barack Obama ao país.
No vídeo da transmissão ao vivo da entrevista pela Fox News, que já foi compartilhado milhares de vezes, Smith fala diretamente para a câmera: “Não, senhor, nós não somos idiotas quando fazemos essas perguntas. Nós queremos que o senhor as responda. O senhor deve isso ao povo americano”.
Após a entrevista, Jake Tapper, apresentador da CNN, afirmou que Trump estava desequilibrado. Tapper disse que a performance do presidente pode ter agradado aos seus eleitores, mas “muitas pessoas vão dizer ‘aquele cara não está focando em mim, eu não sei no que ele está focado’”.
Em qualquer setor, as renovações são necessárias, mesmo que determinadas fórmulas sejam sinônimos de sucesso. Isso acontece também na seara do humor. E se os EUA estavam à procura de um novo comediante, acabou de encontrar um que age com pelintra profissional, sempre à sombra do mimetismo de camelô.
Trump é tão ruim como governante, que vem conseguindo a proeza de ser mais estúpido que Dilma Rousseff. Deus salve a América!