Enquanto os atuais inquilinos do Palácio do Planalto tentam “vender” a ideia de que a economia do País está melhorando, algo que tem sido feito inclusive por meio da veiculação de campanha publicitária ufanista, a realidade do País aponta na direção oposta.
Apesar de detectar um rombo adicional de R$ 58,2 bilhões nas contas de 2017, além do déficit fiscal de R$ 139 bilhões, o que levou a cortes no Orçamento (leia-se redução de investimentos) e possível aumento de impostos, o governo tenta disseminar o conceito do País de Alice, em versão moderna e tropical.
O rombo nas contas federais é reflexo de queda na arrecadação de tributos, que por sua vez foi provocada por sensível e contínuo recuo no consumo. Isso significa que a economia continua sendo chacoalhada pela crise, principal item da herança maldita deixada pelos governos do PT e seus bandoleiros de plantão.
Como se fosse pouco, dados sobre o desemprego, divulgados nesta sexta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que a situação do País é muito pior do que a anunciada pelo governo. No trimestre encerrado em fevereiro, o número de desempregados alcançou a marca de 13,547 milhões. Ou seja, a crise econômica está com fôlego para continuar assustando por muito tempo.
A radiografia da seara laboral é preocupante. Em um ano, o Brasil perdeu 1,788 milhão de postos de trabalho, sendo que desse total 1,134 milhão com carteira assinada. No mesmo período, a população desempregada aumentou em 3,176 milhões e a inativa açambarcou 730 mil pessoas.
Quando estava prestes a ocupar o principal gabinete do Palácio do Planalto, no vácuo do impeachment de Dilma Rousseff, o presidente Michel Temer surgiu em cena a reboque do mantra “ponte para o futuro”, como se palavrório fácil e frouxo fosse suficiente para debelar a crise econômica. O que temos visto de forma recorrente é uma frágil pinguela rumo ao passado.
É sabido que Temer assumiu o comando de um país cuja economia foi destroçada pelo populismo barato e criminoso da antecessora, mas naquele momento era preciso que o presidente cumprisse a promessa de repassar à população um diagnóstico da situação. Algo que até agora não foi feito e por certo já ficou para as calendas.
Por outro lado, Michel Temer e seus assessores tiveram tempo mais que suficiente para mostrar algum avanço efetivo em termos econômicos. Tudo o que aconteceu até então resulta dos efeitos colaterais da própria crise, não de alguma medida adotada pelo governo.
Diante desse cenário, beira a irresponsabilidade a postura de alguns profissionais de comunicação que não apenas defendem a atuação de um governo sabidamente pífio, mas afirmam de forma vigorosa que a economia brasileira dá claros e inequívocos sinais de reação.
Jornalistas que entendem minimamente de economia sabem que a situação do País é crítica e bambeia sobre o implacável fio da cimitarra (saif, em árabe). Qualquer desequilíbrio mais aguçado sobre a lâmina dessa arma medieval que lembra uma espada curta e curvada será fatal.
Os indicadores econômicos mostram de maneira incontestável que o Brasil está a léguas de distância de ser a versão tropical do paraíso, como alardeiam alguns proxenetas da informação que sem qualquer pudor ajoelham-se diante do Palácio do Planalto, sabe-se lá por qual motivo.
Temer continua apostando na aprovação, pelo Congresso, das chamadas reformas estruturais – Previdência, trabalhista e tributária – as quais começam a ser modificadas para atender o fisiologismo político que impera no parlamento. Caso essas propostas forem rejeitadas ou aprovadas com muito atraso, o frágil grau de confiança do País irá pelos ares. Se tal cenário representa melhora da economia, que esses aduladores de Michel Temer venham a público para explicar o que significa crise.