O juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba e responsável pelos processos decorrentes da Operação Lava-Jato, alterou nesta quarta-feira (26) a data do depoimento do ex-presidente Lula na ação penal que trata do apartamento triplex em Guarujá, no litoral paulista, cuja propriedade o petista nega. Inicialmente marcada para a próxima quarta-feira, 3 de maio, a audiência foi transferida para o dia 10.
A mudança de data foi solicitada na última segunda-feira (24) pela Polícia Federal (PF), que alegou a necessidade de “mais tempo para realizar as tratativas com os órgãos de segurança e de inteligência para a audiência que será realizada”. O requerimento foi enviado à Justiça Federal pelo o superintendente regional da PF no Paraná, delegado Rosalvo Ferreira Franco.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná também havia enviado a Moro requerimento com solicitação semelhante. O secretário responsável pela pasta, Wagner Mesquita de Oliveira, pediu que a oitiva de Lula fosse remarcada “tendo em vista notícias de possível deslocamento de [representantes de] movimentos populares para esta capital paranaense em virtude da semana de comemoração do Dia do Trabalhador (1º de maio), o que pode gerar problemas de segurança pública, institucional e pessoal”.
No despacho publicado nesta quarta-feira, o juiz reconheceu a possibilidade de que “ocorram manifestações favoráveis ou contrárias ao acusado em questão, já que se trata de uma personalidade política, líder de partido e ex-presidente da República”. O juiz ressaltou que tais manifestações são permitidas, desde que pacíficas.
“Havendo, o que não se espera, violência, deve ser controlada e apuradas as responsabilidades, inclusive de eventuais incitadores”, destaca o despacho. Em seguida, Sérgio Moro confirmou a alteração do interrogatório de Lula para o dia 10 de maio, “considerando que as forças de segurança pleitearam tempo adicional para os preparativos necessários”.
A referida audiência proporcionará o primeiro encontro entre Lula e Moro, que vem sendo duramente criticado pelo petista e seus advogados ao longo dos últimos meses, principalmente depois que o ex-metalúrgico entrou no radar da Operação Lava-Jato. Corajoso de boteco, Lula não ousará repetir a Moro o que disse nos últimos tempos acerca do magistrado. Se o fizer, será preso por desacato.