Confirmando as apostas do mercado financeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa básica de juro, a Selic, em um ponto percentual, que passou de 11,25% para 10,25% ao ano. Trata-se da menor taxa desde o fim de 2013.
Analistas do mercado esperavam corte como o anunciado, uma vez que a grave crise política que abala o governo do presidente Michel Temer e joga densa fumaça sobre o futuro impedia reduções mais drásticas da Selic. Diante desse cenário de cautela, o BC sinaliza com a possibilidade de cortes mais moderados na taxa de juro de agora em diante.
O problema maior da economia, que entrou no radar do Copom, repousa no risco crescente de as reformas trabalhista e previdenciária não serem aprovadas pelo Congresso, ao contrário do que vem anunciando o Palácio do Planalto.
No comunicado que acompanhou a decisão de reduzir a Selic, o Copom destacou que o “fator de risco principal” é a elevação da incerteza “sobre a velocidade do processo de reformas e ajustes na economia”.
Preocupados com os efeitos colaterais da crise política sobre a tramitação das reformas no Parlamento, os membros do Copom revisaram a perspectiva de redução da Selic em julho, de 1 ponto percentual para 0,75 p.p.
“Em função do cenário básico e do atual balanço de riscos, o Copom entende que uma redução moderada do ritmo de flexibilização monetária em relação ao ritmo adotado hoje deve se mostrar adequada em sua próxima reunião”, destacou o BC no comunicado.
É importante salientar que a redução da taxa Selic não chega com a mesma força no crédito ao consumidor e no financiamento da produção, em especial das pequenas e médias empresas, já que bancos e instituições financeiras continuam ressabiados com os rumos da economia nacional.
Com isso, o consumo, que há muito amarga índices desanimadores, continua em ritmo de queda. Cenário que inviabiliza investimentos para garantir a retomada do crescimento econômico.