Ao pedir que petistas “ataquem” Geraldo Alckmin, Lula deixa evidente temor de enfrentar João Doria

Afundando na lama do Petrolão, esquema de corrupção pelo qual foi responsável, e prestes a ser condenado em ao menos uma das muitas ações penais a que responde, Lula ousa escolher o candidato que eventualmente enfrentará em 2018, como se ele não corresse o risco de se tornar inelegível.

Na segunda-feira (3), Lula pediu aos “companheiros” de legenda para que ataquem com mais veemência o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), em clara demonstração de que sua suposta eleição no próximo ano está longe de ser favas contadas. Aliás, o ex-metalúrgico deveria se preocupar não com essa antecipada e ilegal campanha, mas, sim, em dar uma explicação aos brasileiros sobre os crimes que cometeu na companhia de petistas e aliados.

No momento em que cobra dos petistas maior empenho na oposição a Alckmin, Lula deixa evidente que seu objetivo é ligar o PSDB ao governo de Michel Temer, dando a entender que os tucanos são corresponsáveis pela chegada do peemedebista ao principal gabinete do Palácio do Planalto. É importante salientar que Temer só tornou-se vice de Dilma Rousseff por obra e graça de Lula. Sendo assim, o cambaleante governo Temer tem mais relações com o petista-mor do que com o tucanato.

O pedido de Lula foi acompanhado da sugestão de que os petistas devem ocupar mais espaço na mídia, em especial nos veículos de comunicação do interior paulista, concedendo entrevistas regulares com críticas ao governo de Geraldo Alckmin. Essa estratégia aparenta ser eficaz a olhos primeiros, mas ao final pode se transformar em dolorido tiro no pé.


De chofre o objetivo do ex-presidente é ver seu partido tomando de assalto o Palácio dos Bandeirantes, algo que os petistas tentam há anos sem sucesso, mas a intenção real é construir um caminho não tão difícil até a Presidência. Contudo, antes disso é preciso combinar com o juiz da Operação Lava-Jato.

Nesse afã, Lula espera repetir no próximo ano a disputa de 2006, quando Alckmin perdeu a corrida presidencial por pouco. Mais uma ou duas semanas de campanha naquele ano e o petista teria sido derrotado nas urnas. Ao escolher de forma antecipada seu adversário para 2018, Lula não esconde o medo de enfrentar João Doria, prefeito de São Paulo, que derrotou ainda no primeiro turno o petista Fernando Haddad na disputa pela administração paulistana.

Ciente de que Doria, além de ser um governante fora do meio político, tem excelente trânsito no empresariado nacional, o ex-presidente tenta por meio de declarações esdrúxulas evitar um enfrentamento com o alcaide paulistano, principalmente porque no maior colégio eleitoral do País o Partido dos Trabalhadores está arruinado.

Em suma, Lula deu uma pista inequívoca ao PSDB de quem deve ser o candidato do partido à Presidência da República no próximo ano. Como a crise que surgiu no PSDB a partir da derrocada de Aécio Neves favorece Alckmin, é preciso torcer para que o partido seja tomado pelo bom senso.

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