Operação Calicute: pena de 45 anos de prisão pode levar Sérgio Cabral a pensar em eventual delação

Ex-governador do Rio de Janeiro, o peemedebista Sérgio Cabral Filho foi condenado nesta quarta-feira (20) por crimes investigados no escopo da Operação Calicute, um dos desdobramentos da Operação Lava-Jato. Cabral foi condenado a 45 anos e 2 meses de reclusão, além de multa, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e pertencimento a organização criminosa.

A condenação, a maior até agora na seara da Lava-Jato, pode ser um divisor de águas em termos de delações premiadas, uma vez que Cabral Filho não esperava por pena tão pesada. Acostumado a viver nababescamente sob as expensas do dinheiro da corrupção, o ex-governador fluminense deve rever sua decisão de negar os crimes que lhe são imputados e manter silêncio quase obsequioso.

O ponto mais frágil nesse cenário criminoso é a condenação da ex-primeira-dama do Rio de Janeiro, Adriana Ancelmo, condenada no mesmo processo a 18 anos e 3 meses de prisão. Tomando por base que Adriana tem filhos pequenos, um acordo de colaboração premiada não deve ser descartado. Basta combinar com o marido.

De acordo com a denúncia da Operação Calicute, o esquema criminoso comandado por Cabral Filho desviava verbas dos contratos do governo do Rio com empreiteiras. Na sentença, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, também condenou outras dez pessoas, além do ex-governador e de Adriana Ancelmo.


Preso em novembro de 2017, Sérgio Cabral está em unidade prisional em Benfica, no presídio onde anteriormente funcionava o Batalhão Especial Prisional (BEP). Condenada pela primeira vez nesta quarta-feira, Adriana Ancelmo cumpre prisão domiciliar em seu apartamento no Leblon, na Zonal Sul carioca.

Na sentença, o juiz Marcelo Bretas descreveu o ex-governador como “idealizador do gigante esquema criminoso institucionalizado no âmbito do Governo do Estado do Rio de Janeiro, era o chefe da organização, cabendo-lhe essencialmente solicitar propina às empreiteiras que desejavam contratar com o Estado do Rio de Janeiro, em especial a Andrade Gutierrez, e dirigir os demais membros da organização no sentido de promover a lavagem do dinheiro ilícito”.

“Assim é que Sérgio Cabral solicitou a Rogério Nora, presidente da Andrade Gutierraz, o pagamento de propina, para que a que referida empreiteira fosse admitida a contratar com o Estado do Rio de Janeiro, em reunião realizada no início de 2007, na casa do ex-governador, solicitação essa que foi reforçada em outra reunião, dessa vez realizada no Palácio Guanabara. Ato contínuo, promoveu a lavagem do dinheiro espúrio angariado, de diferentes formas, valendo-se dos demais réus, inclusive de Adriana Ancelmo, sua companheira de vida e de práticas criminosas”, acrescenta o magistrado no documento.

Confira abaixo todos os condenados na sentença do juiz federal Marcelo Bretas:
Sergio Cabral: 45 anos e dois meses de prisão e multa.
Wilson Carlos: 34 anos de prisão e multa.
Hudson Braga: 27 anos de prisão e multa.
Carlos Miranda: 25 anos de prisão e multa.
Luiz Carlos Bezerra: 6 anos e 6 meses de prisão e multa.
Wagner Jordão Garcia: 12 anos e 2 meses de prisão e multa.
Adriana Ancelmo: 18 anos e 3 meses de prisão e multa.
Paulo Fernando Magalhães Pinto Gonçalves: 9 anos e 4 meses de prisão e multa.
Luiz Paulo Reis: 5 anos e 10 meses de prisão e multa.
Carlos Jardim Borges: 5 anos e 3 meses de prisão e multa.
Luiz Alexandre Igayara: 6 anos de prisão e multa.

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