Confirmando a expectativa do mercado financeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou no começo da noite desta quarta-feira (25) o corte de 0,75 ponto porcentual na taxa básica de juro, a Selic, que agora está no patamar de 7,50% ao ano. Trata-se da menor taxa desde abril de 2013.
Com a decisão desta quarta-feira, a Selic acumula nove quedas consecutivas, movimento iniciado em outubro de 2016 e que está perto do final, como informou o Copom em sua última ata, de setembro. A proximidade do fim do ciclo de cortes na Selic se confirma na decisão do Copom que em quatro reuniões anteriores optou por redução de 1 ponto percentual.
Em comunicado, o Copom informou que a conjuntura econômica prevê que os juros continuarão abaixo da taxa estrutural (necessária para conter a inflação) por algum tempo. Segundo o BC, somente a aprovação das reformas estruturais poderá garantir a manutenção das taxas de juro em níveis baixos por longo tempo.
De acordo com o comunicado, a intensidade do corte pode cair ainda mais nas próximas reuniões. “Para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme esperado, e em razão do estágio do ciclo de flexibilização, o Comitê vê, neste momento, como adequada uma redução moderada na magnitude de flexibilização monetária”, destacou o Banco Central.
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Nos doze meses terminados em setembro, o IPCA acumula 2,54%, a menor taxa em 12 meses desde fevereiro de 1999. Até o ano passado, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabelecia meta de inflação de 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos, podendo chegar a 6,5%. Para este ano, o CMN reduziu a margem de tolerância para 1,5 ponto percentual. A inflação, portanto, não poderá superar 6% neste ano nem ficar abaixo de 3%.
Inflação e crédito
No Relatório de Inflação, divulgado no final de setembro pelo Banco Central, a expectativa é que o IPCA encerre 2017 em 3,2%. Com base no Boletim Focus, pesquisa semanal do BC com economistas das principais instituições financeiras, a inflação oficial deverá fechar o ano em 3,06%, mesmo com os aumentos recentes nos preços dos combustíveis.
Até agosto de 2016, o impacto dos preços administrados contribuiu para a manutenção dos índices de preços em níveis elevados. Desde então, a inflação começou a cair por causa da recessão econômica e da queda do dólar.
A redução da taxa Selic estimula a economia, pois taxas menores de juro barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo. Segundo o Boletim Focus, os analistas econômicos projetam crescimento de 0,73% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017. A estimativa está alinhada ao último Relatório de Inflação, divulgado em setembro, no qual o BC projetou avanço de 0,7% do PIB.