Enquanto o PSDB negava paternidade do relatório a favor de Temer, Aécio descartava renúncia

Líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Ricardo Tripoli tentou, mas não conseguiu evitar que no plenário da Casa muitos parlamentares creditassem ao tucanato a autoria do relatório desfavorável à denúncia contra o presidente da República, Michel Temer, acusado de organização criminosa e obstrução à Justiça.

Em várias ocasiões durante o processo de votação da denúncia, Tripoli usou o microfone do plenário para lembrar que o deputado Bonifácio Andrada (PSDB-MG) atuou como relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara em vaga cedida pelo PSC.

Enquanto Ricardo Tripoli e outros tucanos votavam a favor da continuidade da denúncia contra o presidente da República e dois ministros palacianos, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) anunciava que não renunciaria ao comando da legenda, desapontando muitos parlamentares que apostavam em momento de lucidez do mineiro.

Acusado de corrupção o âmbito de delação premiada do empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F, Aécio Neves não apenas desistiu de renunciar à presidência do PSDB, mas decidiu manter-se licenciado do cargo até a convenção partidária que escolherá a nova Executiva da legenda. Aécio licenciou-se da presidência do partido em maio passado.


O esforço do PSDB para passar ao largo do relatório do deputado Bonifácio Andrada tinha como objetivo “vender” à opinião pública a ideia de que o partido é contra a corrupção, principalmente porque muitos tucanos estão de olho nas eleições de 2018, a começar pelo governo Geraldo Alckmin, de São Paulo, que deve ser confirmado como presidenciável da legenda.

O PSDB precisa decidir qual discurso adotará de agora em diante, pois as lufadas de falso moralismo não mais convencem. Ademais, não se pode esquecer que o PSDB tem vários integrantes investigados por corrupção. Em São Paulo, se Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) conhecido como “Paulo Preto”, resolver soltar a voz, o tucanato corre o sério risco de ir pelos ares.

Vieira de Souza foi citada em delação da Odebrecht, que afirmou ter repassado ao ex-diretor da Dersa R$ 100 milhões em propina no escopo das obras do Rodoanel. Paulo Preto teria confidenciado a um amigo que “tudo o que acontecia no Dersa era de conhecimento do [José] Serra e do Aloysio [Nunes Ferreira]”.

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