A Polícia Federal cumpre nesta quinta-feira (3) 45 mandados de prisão na Operação “Câmbio, Desligo”, nova fase da Operação Lava Jato, contra doleiros. Em conjunto com o Ministério Público Federal, a ação visa operadores do mercado de câmbio que atuavam no Brasil e no exterior
Os mandados de prisão foram expedidos pelo juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, e são cumpridos em São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, além do Paraguai e Uruguai.
A “Câmbio, Desligo” decorre da delação dos doleiros Vinícius Vieira Barreto Claret, o Juca Bala, e Cláudio Fernando Barbosa, o Tony. Ambos eram integrantes de esquema ilegal de remessa de recursos ao exterior que envolvia o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (MDB), e revelaram a existência de um sistema chamado Bank Drop, composto por 3 mil offshores em 52 países, e que movimentava US$ 1,6 bilhão.
No Bank Drop, doleiros enviam recursos ao exterior através de uma ação conhecida como “dólar-cabo”. O “dólar-cabo” é usado para remessa de dinheiro sem passar por instituições financeiras reguladas pelo Banco Central.
Os alvos da operação da PF são doleiros, clientes do sistema e usuários finais do esquema criminoso, mas o foco principal dos policiais federais é Dário Messer, que tem residência tanto no Rio de Janeiro quanto no Paraguai.
Por volta das 6 horas desta quinta-feira, agentes da PF, do Ministério Público Federal e da Receita Federal chegaram ao apartamento de Messer, na Avenida Delfim Moreira, no Leblon, na Zona Sul carioca.
Conhecido pelo apelido de “Cagarras” porque seu apartamento fica em frente às ilhas do mesmo nome, Dário já foi investigado nos esquemas do Banestado e do Mensalão. Foi no âmbito do escândalo do Banestado que as autoridades flagraram o também doleiro Alberto Youssef por trás de remessas bilionárias ao exterior. Os agentes também cumprem mandado na Avenida Vieira Souto, em Ipanema, onde mora Sérgio Mizhray, apontado pela investigação como doleiro.
De acordo com as investigações, o grupo usava programas de computação que interligavam doleiros espalhados ao redor do planeta, o que o Ministério Público Federal chama de instituição financeira clandestina. Diante dessa descoberta, os investigadores conseguiram monitorar o fluxo de dinheiro entre os que operam no exterior e no Brasil.