Apelidado de AMLO por seus apoiadores e eleitores, o esquerdista Andrés Manuel López Obrador venceu com folga a eleição presidencial do México no domingo (1), de acordo com os primeiros dados oficiais. É a primeira vez que a esquerda governará o país.
“Convoco todos os mexicanos à reconciliação e a colocar acima dos interesses pessoais, por mais legítimos que sejam, o interesse superior”, declarou AMLO, logo após aos primeiros resultados indicarem a sua vitória. Ele assumirá a presidência no dia 1º de dezembro.
“Não vou decepcionar nem trair o povo”, afirmou López Obrador ao discursar num hotel no centro da Cidade do México, reafirmando o compromisso de erradicar a corrupção e governar para os mais pobres.
Com base nos primeiros números oficiais, AMLO deverá obter entre 53% e 53,8% dos votos, bem à frente do segundo colocado, o conservador Ricardo Anaya, do Partido de Ação Nacional (PAN) (entre 22,1% e 22,8%) e do candidato governista do Partido Revolucionário Institucional (PRI), José Antonio Meade, que deverá ter entre 15,7% e 16,3%.
Os demais candidatos reconheceram a vitória do esquerdista, que encabeça a coligação liderada pelo Movimento Regeneração Nacional (Morena). Não há segundo turno nas eleições mexicanas.
O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, disse ter conversado com Amlo para oferecer sua contribuição e parabenizá-lo pela vitória. “Sua equipe de trabalho contará com a colaboração do governo da República para uma transição ordenada e eficiente”, disse.
Meade, que foi ministro da Fazenda e do Exterior no governo de Peña Nieto, desejou sucesso a López Obrador, “pelo bem do México”.
AMLO, de 64 anos, conquistou a maioria do eleitorado mexicano após duas tentativas frustradas, em 2006 e 2012, quando atribuiu suas derrotas a fraudes eleitorais. Ele, porém, parece ter tirado lições dos fracassos anteriores. “A paz e a tranquilidade são frutos da Justiça. Vou elaborar um plano de reconciliação e de paz para o México, que aplicaremos desde o início do governo”, afirmou após a vitória.
Campanha violenta
Durante a campanha, definida por vários especialistas como a mais violenta da história do país, 133 políticos ou ativistas envolvidos nas eleições foram assassinados. Em meio a este cenário instável, López Obrador e seu círculo mais próximo optaram por uma atitude cautelosa, prometendo “não espionar nem reprimir” e garantir o “direito à crítica e à divergência”.
O “melhor comunicador político” do país, como é definido por diversos analistas, também moderou sua retórica de esquerda e parece disposto a promover alianças através do espectro político mexicano e a uma aproximação com setores empresariais.
Entre os vários desafios de seu governo, Amlo será forçado a confrontar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ameaçou romper o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), que também abrange o Canadá, além de pretender iniciar a construção de um muro na fronteira comum, após acusar seu vizinho do sul de “nada fazer” contra a imigração clandestina proveniente da América Central.
Em seu discurso após a vitória, AMLO disse que buscará uma relação de “amizade e cooperação” com os EUA, mas ressaltou que esta deverá ser “baseada no respeito mútuo”.
Trump, através do Twitter, parabenizou o mexicano, afirmando que está “muito ansioso para trabalhar com ele”. “Há muito a ser feito em tanto benefício dos EUA quanto do México”, disse o americano. (Com agências internacionais)