Após divulgar na internet vídeo com ofensas e ameaças à presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o que motivou a abertura de inquérito por parte da Polícia Federal, o coronel reformado Carlos Alves voltou à carga, com discurso semelhante e em defesa do presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro.
No primeiro vídeo, publicado no Youtube, Alves chamou a ministra Rosa Weber de “salafrária, corrupta e vagabunda”, ameaçando fechar o Supremo caso Bolsonaro seja impedido pela Justiça de tomar posse como presidente da República por conta de supostos crimes eleitorais.
“E esta salafrária, esta corrupta, essa ministra corrupta e incompetente. Se ela fosse uma mulher séria, se ela fosse uma mulher patriótica, se ela não devesse nada pra ninguém, ela nem receberia essa cambada no TSE”, diz Alves nas imagens.
Após o rumoroso caso, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, solicitou à Polícia Federal a abertura inquérito para investigar a conduta do coronel da reserva, que em qualquer país minimamente sério já estaria preso. De acordo com a Procuradoria, ele pode ter incorrido nos crimes de calúnia, difamação, injúria e ameaça.
Agora, em novo vídeo, Carlos Alves declarou não ter medo de qualquer ministro do STF e disse que se ocorrer algo com ele a culpa será de Gilmar Mendes. “Finalmente a minha voz ecoou no Supremo e o Gilmarzinho Mendes está me ameaçando. Como se eu tivesse medo das ameaças dele”, afirmou.
“Gilmar Mendes, eu posso processá-lo por estar me ameaçando. Eu não sou qualquer um! Eu sou um coronel do Exército, do seu Exército”. O coronel ainda ressalta que ministros do STF “aceitam suborno e cobram propinas para liberar Habeas Corpus”.
Na terça-feira (23), durante sessão da Segunda Turma do STF, o ministro Gilmar Mendes voltou a afirmar que as declarações de Eduardo Bolsonaro sobre fechar as portas do STF buscam “criar ambiente de terror e suspeitas” e propôs que a PGR abra investigação contra o deputado federal, filho do candidato do PSL à Presidência da República.
É preciso que as autoridades deem uma resposta rápida a essas ameaças torpes, pois o silêncio serve para alimentar a sensação de que a democracia brasileira vive um momento de enorme fragilidade, alimentando a mente doentia dos golpistas. Não se pode transgredir a lei para punir, mas a complacência oficial é um perigo.