O presidente da França, Emmanuel Macron, está longe de encontrar uma solução para o problema que surgiu na esteira dos protestos violentos levados a cabo, em Paris, pelos chamados “coletes amarelos”.
Conversações entre o governo do primeiro-ministro Édouard Philippe e integrantes dos partidos de oposição buscam atender algumas das exigências dos manifestantes, como forma de evitar mais um final de semana de protestos.
A negociação está cada vez mais difícil, pois a ordem na sede do governo é garantir a ordem pública antes de qualquer negociação. Por outro lado, a falta de uma liderança do movimento dos “coletes amarelos” faz o presidente Emmanuel Macron enfrentar a mais séria crise em um ano e meio de presidência.
Porta-voz informal dos “coletes amarelos”, Benjamin Gauchy defende o diálogo com o governo, mas a falta de uma liderança definida no movimento provocou a recusa ao convite do governo para negociar nesta terça-feira (4).
Em sua justificativa para rejeitar o convite oficial, Cauchy citou três razões. A primeira é a necessidade do imediato cancelamento dos impostos sobre os combustíveis, estopim dos protestos, mas Macron descartou tal possibilidade.
“Não somos marionetes de políticos que querem continuar a dar-nos lições. E é isso que nos mostram os deputados do República em Marcha [partido de Macron] nas declarações que têm feito à imprensa”, disse Gauchy.
Por fim, afirmou Gauchy, os manifestantes têm recebido ameaças através das redes sociais, principalmente de pessoas que também se identificam como “coletes amarelos” e não se sentem representadas por terceiros.
Macron adiou uma viagem para a Sérvia por causa da crise. O primeiro-ministro Édouard Philippe também deixou de viajar à Polônia, onde participaria da COP24, para encontrar-se com o conservador Laurent Wauquiez, com a ultradireitista Marine Le Pen e com o socialista Benoît Hamon, entre outros.
Jean-Luc Melénchon, da França Insubmissa, de esquerda, enviou representantes do partido em seu lugar, alegando problemas de agenda. Em texto publicado no domingo (2), Melénchon afirmou que está em curso “não uma revolta, mas uma revolução”.