O redemoinho da política começa a ganhar força na seara do clã Bolsonaro, atingido nesta quinta-feira (6) pela noticia de que um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou movimentação atípica, no valor de R$ 1,2 milhão, em conta bancária no nome de um ex-assessor do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) – filho mais velho do presidente eleito Jair Bolsonaro – entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.
O documento foi anexado à investigação que deu origem à Operação Furna da Onça, realizada em novembro passado e que levou à prisão dez deputados estaduais da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Exonerado do gabinete de Flávio Bolsonaro em 15 de outubro deste ano, Fabrício José Carlos de Queiroz foi, que estava registrado como assessor parlamentar, é policial militar e atuava como segurança do deputado.
O Coaf informou que foi informado sobre as movimentações de Fabrício de Queiroz pelo banco porque são “incompatíveis com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional e a capacidade financeira”.
O relatório também cita o registro na conta bancária de transações envolvendo dinheiro em espécie, embora Queiroz exercesse atividade cuja “característica é a utilização de outros instrumentos de transferência de recurso”.
O nome de Queiroz consta da folha de pagamento da Alerj de setembro com salário de R$ 8.517. De acordo com o relatório do Coaf, ele ainda acumulava rendimentos mensais de R$ 12,6 mil da Polícia Militar.
Uma das transações na conta de Queiroz citadas no relatório do Coaf faz referência a um cheque no valor de R$ 24 mil destinado à futura primeira-dama Michelle Bolsonaro. A compensação do cheque em favor da mulher do presidente eleito aparece na lista de valores pagos pelo policial militar.
“Dentre eles constam como favorecidos a ex-secretária parlamentar e atual esposa de pessoa com foro por prerrogativa de função – Michelle de Paula Firmo Reinaldo Bolsonaro, no valor de R$ 24 mil”, informa o documento do Coaf.
Ao longo de um ano, o órgão também encontrou cerca de R$ 320 mil em saques na conta mantida pelo motorista e segurança de Flávio Bolsonaro. Desse total, R$ 159 mil foi sacado em uma agência bancária no prédio da Alerj, no centro do Rio de Janeiro.
Também chamou a atenção dos investigadores as transações realizadas entre Queiroz e outros funcionários da Alerj. O documento lista todas as movimentações e seus destinatários ou remetentes.