Jair Bolsonaro, o presidente eleito, disse que em seu governo, que estreia na próxima terça-feira (1), a política externa não teria viés ideológico. Mentira deslavada, como já se sabe, pois Ernesto Araújo, o futuro chanceler, é um sabujo obediente no melhor estilo lambedor de botina do direitismo insano levado a cabo por Donald Trump. Como se o presidente dos Estados Unidos fosse a derradeira tábua de salvação do planeta.
Diplomata de baixa patente, Araújo acostumou ao “copia e cola” para fazer a alegria daqueles que pregam a diplomacia à base da estupidez e do tacape. Esse tipo de conduta está mais para beligerância do que para diplomacia, mas considerando que Bolsonaro sabe de nada, como ele próprio afirma, Ernesto Araújo é a senha para o desastre.
Depois de discursos coléricos contra a esquerda latino-americana, Araújo, com o endosso de Jair Bolsonaro, desconvidou para a posse os presidentes da Venezuela e de Cuba, Nicolás Maduro e Miguel Díaz-Canel, respectivamente. Mas é importante ressaltar que a democracia só existe a partir do equilíbrio de forças opostas (leia-se esquerda e direita). O desconvite acabou sendo estendido ao presidente da Nicarágua, Daniel Ortega.
Ao tentar justificar a lambança diplomática protagonizada pelo futuro ministro de Relações Exteriores, Bolsonaro, em vídeo divulgado na internet, disse: “Não convidamos o ditador cubano nem o ditador venezuelano. Afinal de contas, é uma festa da democracia. Lá não existem eleições e quando existem são suspeitas de fraude. Então, para nós, não interessa”.
Pois bem, se Bolsonaro não quer em sua posse estadistas que atentam contra a democracia, o boliviano Evo Morales já deveria ter sido desconvidado. Talvez jamais deveria ter estado na lista de convidados. Na opinião do UCHO.INFO, diplomacia se faz a partir de relações, inclusive com aqueles que não comungam pela mesma cartilha ideológica.
Morales está em seu terceiro mandato e, desrespeitando a vontade do povo boliviano, alterou a Constituição local para concorrer mais uma vez à presidência do país. Não se pode esquecer que Evo Morales é líder dos plantadores de coca pode estar sendo pressionado a permanecer no poder pelos barões das drogas. Pelo menos essa é a visão de alguns dos seus opositores, com os quais o editor deste portal conversou longamente por ocasião da primeira tentativa de reeleição de Morales.
Um dos líderes da oposição boliviana no exílio, Carlos Sanchez Berzain escreveu carta a Bolsonaro solicitando que o futuro presidente brasileiro considere a possibilidade de, mesmo que de afogadilho, cancelar o convite a Morales.
Na missiva, entre os muitos pontos elencados, Berzain destaca que Evo Morales transformou a Bolívia em um “narco-Estado, aumentando as plantações ilegais de coca de 3.000 hectares em 2003 para mais de 50.000 hectares, além de aumentar desnecessariamente a coca legal”.
“Morales é o líder perpétuo dos sindicatos ilegais de coca no Trópico da Cochabamba (Chapare), que são sua base política e que virtualmente integraram a produção de coca à produção de drogas”, completa Carlos Sanchez Berzain.
Como sempre afirma o editor do UCHO.INFO, também no programa “QUE PAÍS É ESSE?”, entre os inflamados discursos de campanha e a dura realidade atrás da escrivaninha presidencial há uma enorme e inquietante diferença. Em relação a um eventual desconvite a Evo Morales, o problema está na possibilidade de retaliação por parte do governo de La Paz.
O Brasil, como se sabe, depende do gás natural boliviano e uma interrupção no fornecimento seria catastrófico para o País, em especial para a indústria verde-loura. Ou seja, isso é diplomacia, não o que prega o despreparado e descontrolado Ernesto Araújo. Aguardemos, pois!