Após Mike Pompeo agradecer oferta de base militar no País, Bolsonaro nega ter tratado do assunto

Jair Bolsonaro, o presidente da República, não precisará de muito tempo para ser chamado de “Jairzinho Marcha à Ré”, tamanho é o número de decisões anunciadas e desmentidas em seguida. Desde a posse, em 1º de janeiro, os recuos foram tantos, que já está difícil enumerá-los, mas merecem destaque o imbróglio da elevação do IOF, a promessa de mudança da embaixada brasileira em Israel e a oferta de uma base militar americana no País.

Alguém há de dizer que Bolsonaro faz isso propositadamente, até porque seus seguidores não aceitam a tese comprovadíssima de que o presidente é um despreparado conhecido, mas o chefe de uma nação não pode ficar o tempo todo com movimento “avança e recua”, como se o governo fosse um laboratório de dimensões continentais.

A mais nova galhofa oficial envolve a instalação de uma base militar dos Estados Unidos em território brasileiro, assunto que levou o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, agradeceu pela oferta do presidente brasileiro.

Nesta terça-feira (8), o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), Augusto Heleno, negou que Bolsonaro tenha falado sobre o tema. “Ele me disse que ele nunca falou disso. Foi um comentário, foi falado de base russa, aí saiu esse assunto… De repente, base americana… Não tem nada. Ele falou comigo que não falou nada disso. Fizeram um auê disso aí sem nada”, afirmou o general da reserva Augusto Heleno, um dos principais conselheiros do presidente da República.


Em outro vértice do imbróglio, mas na mesma linha de raciocínio, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, afirmo, por meio de nota, não vislumbrar a instalação de uma base militar americana no País.

“O ministro da Defesa, Fernando Azevedo, esclarece que não existe nenhuma demanda sobre o tema e não vislumbra, pela Defesa, a instalação da referida base”, informou o Ministério da Defesa em nota oficial.

O governo Bolsonaro começou aos tropeços, mas parece que o fiasco da primeira semana deve perdurar por mais algum tempo, pois começa a fracassar o messianismo que o agora presidente “vendeu” ao eleitorado durante a campanha. É compreensível que nos primeiros dias sejam necessários ajustes, mas fugir da palavra dada é passar recibo de fraqueza política.

Ao negar que tenha falado do assunto com Mike Pompeo é colocar em xeque a credibilidade da palavra do secretário de Estado dos EUA. Ideologia à parte, até porque o presidente Donaldo Trump não é exemplo de equilíbrio político, Pompeo não seria irresponsável a ponto de afirmar algo que não ouvira de Bolsonaro.

Resumindo, alguém nessa epopeia típica de república bananeira está faltando com a verdade: ou Jair Bolsonaro ou Mike Pompeo. Pelo andar da carruagem e considerando as idas e vindas, nossa aposta é em Bolsonaro.