Que Jair Bolsonaro, o presidente, não sabe o que fala já não causa surpresa entre os brasileiros. Sua eloquência tosca o transforma em vítima recorrente de desmentidos vexatórios, muitos deles que ele próprio se encarrega de fazer.
Em Washington, onde reuniu-se com Donald Trump, o presidente brasileiro precisou se explicar, nesta terça-feira (19), sobre a absurda declaração dada no dia anterior à rede de televisão Fox News, quando afirmou que “a grande maioria dos imigrantes em potencial não tem boas intenções nem quer fazer o bem ao povo americano”.
Questionado por jornalistas sobre a desastrada declaração, Bolsonaro se apressou em dizer que “cometeu um equívoco”. “Foi um equívoco meu. Boa parte tem boas intenções, a menor parte, não. Peço desculpas aí”, disse o presidente brasileiro, após reunir-se com Donald Trump, na Casa Branca.
“Agora, tem muita gente que está de forma ilegal aqui [EUA] e isso é uma questão de política interna, não é nossa. Eu também gostaria que, no Brasil, só tivesse estrangeiros legalizados e não de forma ilegal, como existe. Me desculpem mais uma vez o equívoco ou ato falho”, completou Bolsonaro.
Ato falho é fruto de uma verdade instalada no inconsciente, que acaba se manifestando na primeira oportunidade. O ato falho pode ser um sinal para o acerto ou exposição quase disfarçada de desejos recalcados que dormitam no inconsciente. Em suma, Freud explica!
No último sábado (16), um dia antes da chegada de Bolsonaro a Washington, o filho do presidente, deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), afirmou que os imigrantes brasileiros em situação ilegal eram “uma vergonha nossa”. Horas depois, tentou minimizar a declaração em entrevista à TV Record, mas o estrago já estava consumado.
“A declaração foi para dizer que o Brasil tem responsabilidade com seus nacionais e não vai ficar permitindo que brasileiros entrem, facilitando, melhor dizendo, a entrada de brasileiro em qualquer lugar que não seja da maneira legal”, disse o parlamentar.
Como prega a sabedoria popular, o fruto não cai longe da árvore, por isso as declarações de Jair e Eduardo Bolsonaro são marcadas por estupidez contumaz, o que exige explicações quase que imediatas. Isso mostra o nível de um governo tosco e raso, que mais parece uma dinastia de aloprados a brincar de exercer o poder.