Quando Jair Bolsonaro concorria à Presidência da República, o UCHO.INFO afirmou inúmeras vezes que o então candidato do PSL era “mais do mesmo”, mas a turba bolsonarista, sempre ensandecida, reagia de forma colérica e enfurecida, como se a verdade não pudesse ser noticiada. O tempo passou – menos de um ano – e a realidade está em cena para quem quiser conferir. De igual modo, este noticioso sempre afirmou – assim como continua a fazer – que o Brasil é movido pelo revanchismo ideológico, movimento que levará o País a lugar algum, exceto à seara da discórdia e da intolerância.
Diante dos desdobramentos do escândalo das fatídicas e criminosas “rachadinhas”, imbróglio que tem na proa Fabrício Queiroz e o senador Flávio Bolsonaro, o presidente da República, incomodado com o episódio, parece ter adotado a máxima “a melhor defesa é o ataque”. Na manhã desta sexta-feira (20), ao deixar o Palácio da Alvorada, Bolsonaro, visivelmente irritado com as perguntas dos jornalistas, insinuou mais uma vez que o avançou das investigações se deve à atuação do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, que estaria pressionando o Ministério Público fluminense. Além disso, o presidente deu a entender que a filha do juiz do caso seria funcionária fantasma do governo Witzel
“Pelo que parece” Natalia Menescal Braga Itabaiana Nicolau, filha do juiz responsável pela quebra de sigilos dos ex-assessores de Flávio, é “fantasma”. “Você já viu o MP do Estado do Rio de Janeiro investigar qualquer pessoa, qualquer corrupção, qualquer gente pública do Estado? E olha que o Estado mais corrupto do Brasil é o Rio de Janeiro. Vocês já viram? Vocês já perguntaram paro o governador Witzel por que a filha do juiz Itabaiana está empregada com ele? Já perguntaram? Pelo que parece, não vou atestar aqui, é fantasma. Já foram em cima do MP (para) ver se vai investigar o Witzel?”.
“Acusaram ele (Flávio) de estar ganhando mais na casa de chocolate. O que acontece, quem leva mais cliente para lá, ele leva um montão de gente importante, ganha mais. É mesma coisa chegar para o, deixa eu ver, o Neymar e (perguntar) “por que está ganhando mais do que outros jogadores?’. Porque ele é o mais importante. Não é comunismo”, disse Bolsonaro sobre o filho senador, que complica-se cada vez mais com o avanço das investigações.
Na condição de cidadão comum, Jair Bolsonaro tem garantido o direito à livre manifestação do pensamento, como prega a Constituição Federal, mas como presidente da República deveria pensar melhor antes de fazer declarações desse naipe, sem apresentar uma prova sequer. Ademais, na eventualidade de o governador do Rio estar por trás das investigações – o que não acreditamos – não foi de Witzel a sugestão para que Flávio e Queiroz montassem na Alerj um esquema de “rachadinhas” e usassem contas bancárias de milicianos para lavar o dinheiro ilícito.
É importante salientar que Jair Bolsonaro pode querer enganar a todos durante muito tempo, mas não logrará êxito ao tentar ludibriar todos o tempo todo. Isso porque esse falso bom-mocismo há de desmoronar em algum momento, uma vez que o próprio Bolsonaro permaneceu em silêncio nos onze anos em que esteve filiado ao Partido Progressista, legenda que contribuiu com considerável número de envolvidos no escândalo de corrupção conhecido como Petrolão.
Para quem fala em patriotismo a todo instante, calar-se durante mais de uma década diante de seguidos casos de corrupção é querer vender à opinião pública algo quem simplesmente inexiste.