Após os dois ataques iranianos às bases militares dos Estados Unidos em território iraquiano, na noite desta terça-feira (7) – horário de Brasília – o mercado financeiro internacional reagiu negativamente, como era de se esperar. Na Ásia, as Bolsas de Valores operam na esteira da cautela dos investidores. Às 22h45 (horário brasileiro) – 10h45 de quarta-feira no Japão – o índice Nikkei operava em queda de 2,45%. No mesmo horário, o índice Kospi, da Coreia do Sul, registrava queda de 1,41%.
Ao mesmo tempo, o preço do petróleo do tipo Brent registrava alta de 2,55%, vendido a US$ 70,01 o barril, no mercado futuro. O tipo WTI (West Texas Intermediate) acumulava alta de 2,58% e era comercializado a US$ 64,32 o barril. De igual modo, o ouro, commodity considerada como ativo de proteção contra instabilidades econômicas globais, registrava valorização de 2% nas primeiras horas de quarta-feira.
Ao longo desta terça-feira (7), os mercados financeiros “andaram de lado”, sob a alegação de que as tensões entre Teerã e Washington ainda permaneciam no campo das ameaças recíprocas, com direito a alguns recuos por parte do presidente Donald Trump, em especial ao ataque a bens culturais iranianos. Com a reação do Irã, o cenário migrou para o campo da incerteza.
Enquanto os mercados asiáticos abriam os negócios da quarta-feira (8) debaixo de incertezas sobre o futuro da crise no Oriente Médio, o presidente dos EUA estava reunido na Casa Branca com o vice Mike Pence, o secretário de Defesa, Mark Esper; o secretário de Estado, Mike Pompeo; e o chefe das Forças Conjuntas dos Estados Unidos, general Mark Milley, além de auxiliares do primeiro escalão do governo americano.
Após a reunião de emergência convocada às pressas por Trump para definir os próximos passos no palco da crise, os participantes do encontro deixaram a Casa Branca sem dar qualquer declaração. Ao mesmo tempo, o pronunciamento que o presidente dos EUA faria à nação foi adiado para quarta-feira. O grupo entendeu ser melhor aguardar as próximas horas para apurar se Teerã adotará alguma nova medida contra posições americanas.
A resposta do governo do Irã, que levou a cabo a anunciada vingança, muda o conturbado cenário no Oriente Médio, uma vez que Trump reagir com força caso Teerã atacasse posições militares americanas. O intricado quadro que se formou pode ter levado a Casa Branca a postergar o pronunciamento do presidente dos EUA, pois o enxadrismo que emoldura esse imbróglio é muito mais complexo do que se imagina.
É importante destacar que as grandes potências, em especial as europeias, não declararam apoio rasgado aos EUA, pelo contrário, decidiram retirar seus respectivos contingentes militares do Iraque, assim como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que optou por tirar do palco do conflito os 500 soldados que enviou ao país.
Sem o apoio formal desses países e tendo na contramão Rússia e China, que apoiam declaradamente o governo iraniano, Trump terá que pensar duas vezes antes de ordenar uma resposta aos dois ataques às bases americanas no Iraque. Enquanto isso, o mercado financeiro global experimentará, mais uma vez, o efeito gangorra, sempre embalado pela mola da especulação.