Pressionado por setores do governo, o cabotino Jair Bolsonaro recua e nega ter atacado o Congresso

Se há na personalidade do político brasileiro um traço que causa repulsa, esse sem dúvida é a covardia. A postura dissimulada de muitos governantes já foi tema de muitas críticas do UCHO.INFO, inclusive nos governos petistas, quando o então presidente Lula dizia desconhecer o esquema de corrupção batizado como Petrolão.

Jair Bolsonaro, o atual presidente, que já criticou o que há pouco mais de um ano resolveu chamar de “velha política”, é da mesma cepa e, portanto, um dissimulado contumaz que não se envergonha de vir a pública desmentir a si próprio. Postura típica de covardes recorrentes.

Depois de referendar e estimular a crise com outros Poderes iniciada irresponsavelmente pelo ministro Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), Bolsonaro, que compartilhou vídeo pedindo para que a população vá as ruas para protestar contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), usou sua enfadonha live semanal para mais uma vez destilar covardia.

O presidente cobrou do Congresso a aprovação de projetos enviados pelo Palácio do Planalto, em claro recado aos apoiadores que prometem ir às ruas para defender um governo pífio e incompetente. Ao mesmo tempo, Bolsonaro negou que tenha incitado a população contra o Legislativo e o Judiciário.

Ao desdizer-se, o presidente da República adota postura típica de azevieiro profissional, já que nega o que reconheceu ter feito quando afirmou que mensagens trocadas com amigos pelo celular são de “cunho pessoal”.

“Tenho 35Mi de seguidores em minhas mídias sociais, c/ notícias não divulgadas por parte da imprensa tradicional. No Whatsapp, algumas dezenas de amigos onde trocamos mensagens de cunho pessoal. Qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República”, escreveu Bolsonaro no Twitter.

 
Além disso, o ex-deputado federal Alberto Fraga, amigo do presidente da República, confirmou ao jornal “O Globo” ter recebido de Bolsonaro o tal vídeo. Ou seja, o presidente mente sem corar a face, certo de que essa desculpa fará efeito.

Para ar ares de veracidade à mentira, o presidente disparou: “Gostaria de fazer muita coisa pelo Brasil, mas estou há seis meses com um projeto de lei dentro da Câmara para que a validade da carteira de motorista passe de cinco para dez anos, mas não vai para frente. Estou também há seis meses com um projeto fazendo com que você perca a sua carteira depois de completar 40 pontos no ano, e não 20, como é atualmente”.

Será mesmo que um país que continua atolado na crise econômica está preocupado com o prazo de validade da carteira de motorista ou a pontuação para a perda da CNH? O presidente deveria se dedicar aos projetos da área econômica, como as reformas tributária e administrativa, mas prefere jogar para a plateia de abduzidos, fingindo que o Brasil é uma filial tropical e mal-acabada do País de Alice.

Como se fosse pouco, Bolsonaro mostrou mais uma vez que dissimulação é de fato seu forte. “Fui parlamentar por 28 anos, não estou inventando nada, e não estou ofendendo o Parlamento brasileiro, muito pelo contrário, quero um Parlamento independente e atuante. E a Justiça também, independente e atuante. E o Executivo também, nós somos independentes. Não existe qualquer crítica a eles, agora, eu tenho que dar uma satisfação porque, na ponta da linha, o povo cobra muito mais de mim do que do Legislativo ou do Judiciário”.

Ora, se realmente Bolsonaro quer um Parlamento independente e atuante, o que não é verdade, que aceite o orçamento impositivo e deixe de criar problemas com o Congresso, apenas porque o chefe do GSI tem surtos de totalitarismo.

Fato é que o presidente da República tem sido pressionado nas últimas horas para acenar na direção do Congresso com uma bandeira branca, já que diversos setores do governo alertaram para o perigo de muitas matérias de interesse do Palácio do Planalto tropeçarem no Parlamento. No momento em que o governo tornar-se inviável por conta do jeito estúpido de ser do presidente, veremos quantos permanecerão na trincheira dos abduzidos. A conferir!