O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou, na sexta-feira (13), estado de emergência nacional no país devido ao avanço do novo coronavírus, pandemia que até recentemente o inquilino da Casa Branca tratava com desdém e fanfarronices. A medida possibilita o desbloqueio de recursos federais para o combate à doença, que já infectou mais de 138 mil pessoas ao redor do planeta e deixou mais de 5 mil mortos.
“Para dar livre caminho ao poder do governo federal, hoje declaro emergência nacional”, disse Trump em pronunciamento realizado no jardim na Casa Branca. “As próximas oito semanas serão críticas”, admitiu.
De acordo com Trump, a declaração permitirá o desbloqueio de US$ 50 bilhões (cerca de R$ 236,8 bilhões) em fundos federais – quantia considerada pequena perto do tamanho da economia americana – para o combate ao coronavírus, que provoca a Covid-19. Os recursos serão repassados para estados e municípios.
Em seu pronunciamento, Trump pediu que sejam criados nos estados centros de operações de emergência. A declaração, recurso raramente utilizado pelo presidente, permite que a Agência Federal de Gestão de Emergência (Fema) preste apoio aos governos locais e coordene a resposta dos EUA à crise. O vírus já deixou 41 mortos no país. De acordo com os últimos dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), ao menos 1.629 casos foram registrados nos Estados Unidos.
Durante o pronunciamento, o presidente também anunciou uma parceria com o setor privado para aumentar a disponibilidade de exames médicos para detectar o coronavírus, cuja escassez em todo o país tem sido uma das maiores fontes de crítica à Casa Branca no combate ao problema. Ele afirmou que os EUA ter ao “1,4 milhão de testes disponíveis na próxima semana e 5 milhões dentro de um mês”, mas frisou não acreditar que tantos testes sejam “necessários”.
Trump também anunciou que o Google “está ajudando a desenvolver um site oficial” que permitirá aos cidadãos americanos “tomar uma decisão sobre se devem fazer um teste” e, em caso afirmativo, direcioná-los para o “lugar certo”.
O presidente disse que está trabalhando para disponibilizar “testes dentro de automóveis em locais com impacto crítico” do coronavírus, medida que já foi implementada na Coreia do Sul.
Para ajudar os estudantes universitários em meio à crise gerada pela Covid-19, o presidente americano eliminou temporariamente os juros de todos os empréstimos estudantis ligados ao governo federal.
Ao ser questionado por jornalistas se faria um teste para o coronavírus por ter estado com o secretário de Comunicação do governo federal, Fábio Wajngarten, que está com Covid-19, Trump disse que “provavelmente” fará o exame em breve, mas ressaltou que isso não tem relação com o contato que teve com o brasileiro.
Ele afirmou que ainda não fez o exame pois não apresenta sintomas. “Não queremos que pessoas sem sintomas façam o teste”, acrescentou.
A declaração de emergência ocorre após o presidente minimizar diversas vezes a doença. Trump enfrentou críticas de especialistas pela lentidão e ineficácia na resposta ao avanço da epidemia.
Na última quarta-feira (11), os Estados Unidos anunciaram a restrição de entrada no país de cidadãos não americanos vindos de 26 nações da Europa, a fim de evitar a propagação do coronavírus. No pronunciamento, Trump afirmou que está considerando estender a proibição ao Reino Unido e disse que também pode tirar alguns países europeus da lista, mas não citou quais.
A decisão de proibir voos vindos da Europa não passa de atitude desesperada de um político bufão e populista que, diante de uma derrota política que impactará na sua tentativa de reeleição, busca terceirizar a responsabilidade pelo avanço da doença no país. Restringir voos originados na Europa, deixando de fora os que parte do Reino Unido, mostra a bizarrice da decisão de Trump. Considerando que o planeta vive à sombra da globalização, quem tiver necessidade de chegar aos EUA por algum motivo fará escala em países que não foram incluídos na restrição.
Além disso, fechar fronteiras, mesmo que por via aérea, em nada resolve o problema, pois a transmissão do novo coronavírus nos EUA se dá com maior intensidade internamente, ou seja, de maneira autóctone, não por pessoas que chegam do exterior. A simples adoção de medidas sanitárias seria suficiente para evitar a propagação da doença. Como Trump perdeu tempo com espetáculos pífios, agora é tarde demais para posar como Don Quixote contra a Covid-19.
No tocante à fala de Trump sobre a enorme e imbatível capacidade dos EUA de lidarem com a doença, tudo não passa de factoide politico para distrair a opinião pública local, pois sabe-se que a saúde pública americana é um fracasso e grande parte da população não tem condições de pagar pelo teste do novo coronavírus. (Com Deutsche Welle)