Escândalos familiares e ameaças aos Poderes fazem de Bolsonaro o refém ideal que o Centrão procurava

 
A situação política do presidente Jair Bolsonaro não é das melhores, pelo contrário. Se até antes da prisão de Fabrício Queiroz o cenário político era desfavorável a Bolsonaro, com o ex-assessor parlamentar de Flávio Bolsonaro atrás das grades o quadro piorou sobremaneira.

É fato que cada um tem uma leitura particular das situações da vida, mas, como verdadeira ave de rapina, o Centrão tem uma visão positiva do que está acontecendo no País. Isso porque os partidos do bloco que se dedica ao proxenetismo político já elevou o preço do apoio parlamentar que Bolsonaro tanto precisa no Congresso para aprovar medidas, evitar um processo de impeachment e seguir no cargo.

A Jair Bolsonaro não resta outra saída que não a de ceder à chantagem do Centrão, caso queira chagar ao final do mandato como uma espécie de fantoche do que há de pior na política. O Centrão, que antes da prisão de Queiroz já havia mostrado as garras, o que permitiu abocanhar o Ministério da Educação e alguns importantes cargos na máquina federal, agora cobiça a pasta da Educação, além de outros postos na estrutura do governo.

Para um país que vem se debatendo há décadas na lama da corrupção e conseguiu sobreviver, causa desesperança ver o Brasil nas mãos de um governante que tornou-se refém de abutres da política, os quais fazem dos respectivos mandatos senha para escambos criminosos.

 
Porém, é preciso saber como Bolsonaro conterá a súcia de apoiadores que defendem o radicalismo e desrespeitam diuturnamente a democracia e o Estado de Direito. Essa dúvida é preocupante, já que até recentemente não havia manifestação dos descontentes com o governo – são maioria – que decidiram sair às ruas para defender a democracia e protestar contra o autoritarismo que vinha descendo a rampa do Palácio do Planalto todos os dias – talvez continuará descendo.

Bolsonaro foi eleito à sombra do discurso embusteiro de combate à corrupção, mas não convenceu quem sempre o acompanhou em termos políticos. Nocauteado por escândalos e rompantes totalitaristas, Bolsonaro se vê obrigado a respeitar a Carta Magna, ao mesmo tempo em que sabe ser necessário se render à volúpia do Centrão. É um fim trágico de um político inexpressivo que viu nos defeitos dos adversários uma forma de chegar ao Poder para mostrar que é mais do mesmo.

A parcela pensante da sociedade não deve se deixar levar pelos mimetismos palacianos, já que o horizonte aponta para um quadro nada animador. No momento em que se rende ao Centrão para sobreviver politicamente, Jair Bolsonaro está a referendar tudo aquilo que condenou em seus coléricos discursos, mas endossou intramuros. Dizem os mais experientes que milagres também acontecem na política, ou seja, o Centrão pode mudar de ideia e desistir de apoiar o presidente. Contudo, o mais provável é que a “facada” no bolso da viúva será irá mais fundo (Bolsonaro tem ojeriza a facadas).

A situação política do presidente da República é grave, sem ser momentânea ou pontual, por isso preocupa a interrogação que se coloca diante do amanhã. Ou Bolsonaro aceita a ideia de que é um fiasco como presidente e que seu projeto de reeleição começa a desmoronar, ou o cavalo de pau na democracia brasileira seguirá a receita macabra de Chávez e Maduro, que se valeram de políticos corruptos e sicários dispostos a tudo para defender o indefensável. Como os sicários bolsonaristas estão a postos, até irem para a cadeia, em breve o Centrão surgirá em cena com nova “tabela de preços” nas mãos.