Subserviente ao presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que até terça-feira (1) não havia se manifestado acerca do cronograma de vacinação contra a Covid-19, o que significa endossar um plano pífio e feito às pressas por subalternos, disse nesta quarta-feira, durante audiência no Senado, que o Brasil receberá, entre janeiro e fevereiro, um primeiro lote de 15 milhões de doses contra novo coronavírus. De acordo com Pazuello, o imunizante é do laboratório AstraZeneca, desenvolvido em parceria com a Universidade de Oxford e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O acordo para a aquisição da vacina e transferência de tecnologia, ao custo de R$ 1,9 bilhão, prevê a entrega de 100 milhões de doses no primeiro semestre. Outras 160 milhões de doses serão produzidas pela Fiocruz ao longo do segundo semestre de 2021.
Durante a audiência, Pazuello fez um alerta sobre a capacidade dos laboratórios em relação à entrega de grandes volumes de vacinas ao Brasil. De acordo com o ministro, quando as negociações avançam, a quantidade de imunizante disponível para um cronograma de vacinação confiável mostra-se muito aquém do esperado. “Ficou muito óbvio que são muito poucas as fabricantes que têm a quantidade e o cronograma de entrega efetivo para o nosso país”, afirmou.
Causam estranheza as declarações do ministro da Saúde sobre a aquisição de vacina, já que o próprio Bolsonaro disse que a imunização contra a Covid-19 não será obrigatória. Além disso, a vacina da farmacêutica AstraZeneca terá de repetir uma das fases de testes em razão de erro de dosagem.
A revelação sobre o erro na dosagem foi feita no último dia 25 de novembro pelo vice-presidente da AstraZeneca, Menelas Pangalos. Segundo o executivo da farmacêutica, o fato é irrelevante para a conclusão dos estudos.
“Não vou fingir que não é um resultado interessante, porque é – mas definitivamente não o entendo e acho que nenhum de nós entende”, disse Pangalos. “Foi surpreendente para nós”, completou.
Com o erro na dosagem, a AstraZeneca descobriu que seu imunizante apresentou eficácia de 90%, ao passo que com duas doses integrais esse percentual cai para 62%. O que explica a necessidade de novos testes.
Contudo, o “erro” levantou dúvidas na comunidade cientifica internacional sobre a eficácia da vacina, que continua promissora, mas depende de novas comprovações para obter autorização de órgãos sanitários e de saúde dos países interessados em adquiri-la.
Esse é mais um capítulo da politização da crise do novo coronavírus no Brasil, pois Bolsonaro, que derreteu politicamente ao longo das recentes eleições municipais, teme que seu projeto de reeleição sofra novo e duro golpe caso a Coronavac, vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa em parceria com o Instituto Butatan, seja homologada pela Anvisa e anunciada adquirida pelo governo.
Para quem usou o termo “vacina chinesa” para atacar o governador de São Paulo, João Dória Júnior (PSDB), seu eventual adversário na eleição presidencial e 2022, Bolsonaro mostra-se de fato um irresponsável.
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