(*) Gisele Leite
A grande maioria dos cientistas políticos concluíram que a recente invasão ao Capitólio e que resultou no óbito de uma funcionária desmoraliza totalmente a democracia norte-americana e, fere fatalmente a reputação do Partido Republicano. A invasão ocorrera durante justamente a sessão que validaria a vitória confirmada de Joe Biden sobre Donald Trump, nas eleições dos EUA. Nessa ocasião, o Senado estava reunido para homologar os votos do colégio eleitoral.
Essa manifestação espúria contou com a presença do atual presidente Donald Trump discursando em frente à Casa Branca, enquanto alguns participantes marcharam até o Capitólio para denunciar o que somente eles, consideram uma fraude eleitoral. Urravam afirmando que nunca concederiam a vitória de Biden.
Após enfrentar os policias nas entradas do Congresso norte-americano, algumas pessoas conseguiram entrar no prédio o que acarretou a suspensão das sessões no Senado e na Câmara, além do bloqueio de acesso aos corredores das duas casas. E, com tal fato, a prefeita de Washington D.C. ainda anunciou um toque de recolher a partir das 18 horas (horário local).
Felizmente, a violência nunca vence, mas a liberdade vence apoiada e sediada na casa do povo. Os funcionários do Congresso e jornalistas trabalhando no local relataram ter recebido ordens de se resguardar e colocar máscaras contra gás lacrimogêneo.
Trump via Twitter foi ainda mais rude e atacou diretamente o vice-presidente Mike Pense por recusar seu pedido e não alterar o resultado eleitoral, algo que legalmente não poderia fazer. A rede social retirou a postagem.
O líder do partido no Senado, Mitch McConnel, afirmou: “que nada diante de nós prova que houve qualquer ilegalidade próxima à escala necessária para ter definido a eleição. Nem pode a dúvida pública por si só justificar uma ruptura radical quando a própria dúvida foi incitada sem qualquer evidência”.
Tal incidente nos remete ao que já ocorreu no passado com fascistas italianos, quando deputado socialista Matteotti fez discurso apresentando inúmeras fraudes durante as eleições que consagraram Mussolini, exigindo sua anulação. Poucos dias depois, Matteotti fora sequestrado e somente em agosto de 1924 seu cadáver fora encontrado.
Foi interessante verificar que antes exemplo para as democracias ocidentais, o atual governo dos EUA se comportou como mera “banana’s republic”.
Aliás, “república das bananas” é termo pejorativo normalmente atribuído aos latino-americanos, dotados de política instável e submisso ao país rico e frequentemente onde um governante corrompido e opressor toma o poder. A economia de tais países em sua maioria é dependente da exportação de monoculturas, tais como bananas, café, laranjas ou até extração de minerais diversos.
O termo fora criado por O. Henry, humorista e cronista norte-americano, e originalmente se referia a Honduras e foi apresentado na obra de contos intitulada Cabbages and Kings (Couves e Reis), de 1904. Até o ex-presidente George Bush alegou que como as eleições são disputadas em uma república das bananas, comentando os distúrbios inspirados em Trump. Uma nova república das bananas surgiu, infelizmente.
(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.
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