Morre em São Paulo, aos 41 anos, o prefeito Bruno Covas, vítima de câncer

 
Prefeito licenciado da maior cidade brasileira, São Paulo, o tucano Bruno Covas Lopes morreu na manhã deste domingo (16), aos 41 anos, por causa de complicações de um câncer no sistema digestivo e que se espalhou para outros órgãos.

Político que primava pela discrição, Covas foi um moderado que soube enfrentar o radicalismo com a mesma determinação com que lidou com a doença descoberta em outubro de 2019. Neto do ex-governador Mário Covas, de quem herdou a vocação política, Bruno filiou-se ao PSDB aos 17 anos, quando se destacou pela capacidade de mobilização. Foi presidente nacional da Juventude do PSDB.

Bruno Covas trocou Santos, sua cidade natal, por São Paulo para concluir os estudos no concorrido Colégio Bandeirantes. Inteligente e dedicado, Bruno formou-se em Direito na faculdade do Largo São Francisco (USP) e em Economia, na Pontifícia Universidade Católica (PUC). Ambas as graduações serviam de base para sua carreira política.

Antes de chegar à Prefeitura de São Paulo, Bruno Covas foi eleito deputado estadual por duas vezes, deputado federal e vice-prefeito. Assumiu o comando da maior cidade da América Latina em 2018 com a renúncia do governador João Dória Júnior (PSDB). No ano passado, foi reeleito em chapa com o agora prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Ao integrar a chapa de Dória como candidato a vice-prefeito em 2016, Bruno conseguiu conter um racha no núcleo do PSDB, surgido com a chegada do atual governador de São Paulo. O nome de Covas serviu para acalmar os ânimos.

 
Após várias sessões quimioterápicas, Bruno Covas submeteu-se à imunoterapia, o que lhe deu vigor e disposição para participar da campanha eleitoral de 2020, quando concorreu, em segundo turno, com Guilherme Boulos, candidato do PSOL. Foi uma disputa limpa e sem os costumeiros ataques de campanha.

Em fevereiro passado, os médicos de Covas descobriram novos tumores e optaram pela retomada das sessões de quimioterapia. Dois meses depois, novos exames indicaram metástase nos ossos. Com a saúde debilitada, Bruno foi novamente internado em 2 de maio, no Hospital Sírio-Libanês, na região central da capital paulista, ocasião em que foi constatado um sangramento no sistema digestivo e acúmulo de água nos pulmões.

Desde a descoberta do tumor, em 2019, a situação de saúde de Bruno Covas sempre foi tratada de forma transparente, em sinal de respeito aos eleitores. Tal postura foi mantida na eleição de 2020.

Covas autorizou assessores mais próximos a informarem diariamente a imprensa sobre sua saúde, inclusive com detalhes sobre o tratamento, além de ter pedido aos médicos que esclarecessem aos jornalistas os avanços do tumor. A prática tornou-se mais enfática a partir de abril, quando cinco tumores foram identificados no fígado, um na coluna e outro na bacia.

Em nota, o Hospital Sírio-Libanês informou na manhã deste domingo a morte de Bruno Covas. “O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, faleceu hoje às 8h20 em decorrência de um câncer da transição esôfago gástrica, com metástase ao diagnóstico, e suas complicações após longo período de tratamento”, informou a nota de falecimento assinada pelos médicos que acompanhavam Covas.

O velório será realizado na sede da Prefeitura de São Paulo, em cerimônia restrita a 20 convidados, em função da pandemia do novo coronavírus, mas poderá ser acompanhada pelo YouTube. Após a cerimônia, o caixão será transportado em caminhão do Corpo de Bombeiro que passará pela Avenida Paulista e seguirá para a cidade de Santos, onde o prefeito será sepultado. Bruno deixa o filho Tomás Covas Lopes, 15 anos, que já sinaliza interesse em trilhar os caminhos do pai e do avô.

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