A saída do general Joaquim Silva e Luna do comando da Petrobras é mais um jogo de cena pífio do presidente Jair Bolsonaro, que com a decisão tenta enganar mais uma vez os incautos brasileiros que acreditam ser a estatal responsável pelo aumento de preços dos combustíveis.
Em 2018, durante a corrida presidencial, quando afirmou que Bolsonaro era desprovido de competência e estofo para cargo de tamanha responsabilidade e importância como o de presidente da República, o UCHO.INFO não o fez por razoes políticas ou ideológicas, mas por conhecer a trajetória de um falastrão acostumado a discursos embusteiros.
A saída de um presidente da Petrobras, maior companhia brasileira, é considerado fato relevante e precisa ser comunicada com antecedência à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), já que a estatal tem ações comercializadas na Bolsa de Valores (B3), assim como na de Nova York e de outros importantes centros financeiros internacionais.
O anúncio de que Silva e Luna seria demitido e substituído pelo economista Adriano Pires é prova maior e inconteste da irresponsabilidade do chefe do Executivo federal, que para alimentar seus desvarios desrespeita as regras do mercado, como se nada mais importasse, exceto a sua vontade.
O caso em pauta tornou-se ainda mais preocupante porque Bolsonaro fez vazar à imprensa a informação de que, em conversa com Pires, prometera privatizar a companhia caso seja reeleito. A conjugação das duas situações configura informação privilegiada e levou à valorização das ações da Petrobras nesta terça-feira (29).
A equipe econômica comandada pelo ainda ministro Paulo Guedes, que passou de “Posto Ipiranga” para borracharia de beira de estrada, não é fã de Adriano Pires, mas ficou animada com a informação de que o próximo presidente da Petrobras terá a missão de conduzir o processo de privatização da empresa. A ambos Bolsonaro disse que a Petrobras lhe dá “muita dor de cabeça”.
Que Bolsonaro é um ignaro assumido, algo que reconheceu publicamente em diversas ocasiões, todo brasileiro coerente já sabe, mas culpar a Petrobras pelos preços dos combustíveis é querer induzir a opinião pública a erro, pois o problema está na política econômica do governo, que há mais de três anos patina na vala das promessas absurdas.
A Petrobras, no que tange à participação acionária da União, é propriedade de cada brasileiro, por isso um anúncio oficial de que a empresa será privatizada pode tirar ainda mais votos de Bolsonaro, que sonha com a reeleição.
Ao mesmo tempo, a manobra de Bolsonaro para passar a falsa sensação de que os preços dos combustíveis serão reduzidos com a chegada de um novo presidente é mais um embuste no escopo de seu projeto eleitoral. Assim como o economista Renato Castello Branco, presidente anterior da empresa, e o general Joaquim Silva e Luna, o próximo comandante da estatal também é defensor da política de preços que tem paridade com a cotação do petróleo internacional.
Com acionistas minoritários, os quais devem ter seus direitos respeitados, a Petrobras não pode fazer política pública nem política partidária, como destacou Silva e Luna nesta terça-feira em evento no Superior Tribunal Militar, em Brasília. Além disso, a legislação vigente no País e o estatuto da companhia impedem aventuras como as sugeridos por Bolsonaro. Em outras palavras, o presidente da República deu mais um “passa moleque” nos brasileiros.
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