Temendo derrota no 1º turno e com inflação de 11,73%, Bolsonaro pede que supermercados reduzam lucro

 
Três anos meio após chegar ao Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro descobriu que a política econômica do governo é desastrosa. Preocupado com seu projeto de reeleição e a possibilidade de ser derrotado no primeiro turno da corrida presidencial, Bolsonaro agora quer terceirizar o ônus do seu insucesso como governante.

Na esteira do anúncio feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de que inflação oficial de maio ficou em 0,47% e no acumulado de doze meses em 11,773%, o chefe do Executo quer que produtores e supermercadistas reduzam ao máximo a margem de lucro nos itens que integram a cesta básica.

O apelo do presidente confirma matéria anterior do UCHO.INFO, pois apesar do recuo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em maio, o custo da cesta básica teve aumento de 67% em doze meses.

De acordo com presidente, a redução do lucro nos itens da cesta básica seria uma forma de reforçar o combate à inflação, que no mundo real, longe dos gabinetes palacianos, é bem maior. “Nós devemos em momentos difíceis como esses, entendo, todos nós colaborarmos. Então o apelo que eu faço aos senhores, para toda a cadeia produtiva, para que os produtos da cesta básica, cada um obtenha o menor lucro possível para a gente poder dar uma satisfação a uma parte considerável da população, em especial os mais humildes”, afirmou.

“Esse é o apelo que eu faço aos senhores. Eu sei que a margem de lucro tem cada vez diminuído mais também, os senhores já vêm colaborando dessa forma, mas colaborem um pouco mais na margem de lucro dos produtos da cesta básica. Esse apelo que eu faço aos senhores e se for atendido, eu agradeço e muito. E se não for, é porque realmente não é possível”, emendou.

Vivendo em um mundo paralelo, Bolsonaro disse que a guerra entre Rússia e Ucrânia “terá o seu ponto final brevemente” e que “pelo o que tudo indica, [a pandemia] já teve praticamente o seu ponto final”.

A guerra na Ucrânia ainda está longe do fim, mas Bolsonaro, adulador de plantão do facínora Vladimir Putin, prefere vender um cenário ilusionista a reconhecer que o conflito ainda deve se prolongar por várias semanas. Isso significa que o preço do petróleo continuará em alta, impactando a inflação brasileira.

 
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No que tange ao fim da pandemia do novo coronavírus, o negacionista Jair Bolsonaro escancara mais uma vez o seu negacionismo torpe. O Brasil registrou alta de 94% nas internações por Covid-19, mas o presidente insiste em ignorar os fatos. Especialistas falam em quarta onda de Covid-19, enquanto o presidente decreta o fim da crise sanitária. Apenas a título de informação, a cidade chinesa de Shangai confinou nesta quinta-feira 2,5 milhões de pessoas por causa da Covid-19.

Bolsonaro sabe que seu projeto de reeleição está sendo devorado pela disparada dos preços dos alimentos e dos combustíveis, assim como pelas seguidas ameaças à democracia e ao processo eleitoral. A cada investida contra a democracia e ao Estado de Direito, Bolsonaro perde eleitores.

O correto seria o presidente da República reconhecer o fracasso da política econômica e impedir que o ainda ministro Paulo Guedes continue a fazer declarações absurdas e desconectadas da realidade, principalmente no momento em que o País alcança a preocupante marca de 33 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar, ou seja, enfrentando a fome.

A verborragia de Guedes

Há um ano, em 17 de junho de 2021, durante evento promovido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o ministro Paulo Guedes afirmou que o brasileiro “enche o prato” e deixa “uma sobra enorme” de comida nas refeições.

“O prato de um classe média europeu, que já enfrentou duas guerras mundiais, é relativamente pequeno e, aqui, nós fazemos almoço e deixamos uma sobra enorme”, afirmou Guedes.

Para o ministro, a “cultura” do desperdício alimentar no Brasil também está na produção e transporte dos alimentos, assim como na distribuição nos supermercados. O ministro citou os restaurantes que, segundo ele, fazem “almoço” além do necessário, o que resulta na “refeição em excesso” do consumidor final de classe média. “Todo alimento não utilizado pode alimentar pessoas fragilizadas, mendigos, desamparados… É muito melhor do que deixar estragar essa comida toda”, disse.

Quem ouve Paulo Guedes discursar imagina que a economia brasileira vive seu melhor momento, mas ao constatar a realidade percebe que o governo é um poço de incompetência e populismo barato, situação que interesse apenas aos endinheirados, como sempre.


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