Morre aos 86 anos, vítima de câncer, Alberto Fujimori, ex-presidente do Peru

 
Ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori, que governou o país durante uma década, morreu nesta quarta-feira (11) aos 86 anos, vítima de câncer. A morte foi confirmada pela sua filha, Keiko Fujimori.

“Após uma longa batalha contra o câncer, nosso pai, Alberto Fujimori, acaba de partir para o encontro com o Senhor. Pedimos àqueles que o estimaram que nos acompanhem com uma oração pelo descanso eterno de sua alma. Obrigado por tudo, papai”, disse a filha em comunicado assinado pelos quatro filhos do ex-presidente.

Preso duas vezes por crimes contra a humanidade, Fujimori deu um autogolpe e fugiu do país após acusações de corrupção e de mentir sobre sua nacionalidade, estava internado em Lima em estado grave.

Horas antes da confirmação da morte, o médico pessoal do ex-presidente, Alejandro Aguinaga, disse a repórteres que Fujimori estava “lutando pela vida” e pediu que respeitassem a privacidade da família. Segundo informações, o político se encontrava em uma “situação delicada” de saúde há uma semana.

Fujimori morreu na casa da filha, Keiko, onde recebia tratamento médico constante. O ex-presidente foi morar no local após ter deixado a prisão, em dezembro de 2023. Diversos familiares do ex-presidente visitaram a casa nesta quarta-feira.

De acordo com uma porta-voz, que conversou com repórteres, o velório de Fujimori será a partir desta quinta-feira (12). A mulher, não identificada, disse também que a família está tranquila, mas não deu mais detalhes.

A imprensa local informou que o Governo peruano prestará honras de Estado a Fujimori, “seguindo estritamente os protocolos estabelecidos pela chancelaria”.


 
Em comunicado oficial, o Governo do Peru lamentou a morte de Fujimori e desejou condolências à família. “A Presidência da República lamenta o sensível falecimento do ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori. Nossas sinceras condolências à família, a quem acompanhamos em sua profunda dor. Que Deus o tenha em Sua glória e que descanse em paz”, disse o comunicado.

Em maio, Alberto Fujimori revelou que havia sido detectado um tumor maligno em sua língua. Em 2018, Fujimori disse também que tinha um tumor no pulmão. Ele deixa quatro filhos e cinco netos.

Fujimori governou o Peru entre 1990 e 2000. No início do governo, impressionou apoiadores e críticos por conter a hiperinflação do país e pela luta contra a criminalidade. Contudo, logo surgiram denúncias de que ele ordenou massacres como parte de sua política de combate ao crime organizado, além de violações graves de direitos humanos e suspeita de corrupção.

Apenas dois anos depois de chegar ao poder, em 1992, Fujimori aplicou um autogolpe, fechando o Congresso. Nos anos seguintes, surgiram denúncias de violações dos direitos humanos, abuso de poder, corrupção e até de ter mentido sobre sua nacionalidade. A oposição afirmou que Fujimori, na verdade, nasceu no Japão, mas adulterou sua certidão de nascimento para participar da corrida presidencial peruana.

Diante da avalanche de denúncias, o ex-presidente fugiu para o Japão, de onde enviou um pedido de renúncia por fax. Fujimori ficou em autoexílio por sete anos, mas foi preso durante visita ao Chile, sendo extraditado ao Peru. Em 2009, foi condenado pela morte de 25 civis durante dois massacres executados pelo Exército peruano.

Após julgamento que paralisou o Peru, o ex-presidente foi preso, mas, em dezembro de 2023, teve a condenação revogada. Ele foi solto em 2017 por conta da concessão de perdão por parte do governo, mas a Corte Interamericana de Justiça revogou o benefício, voltando a ser preso.

Em 2023, após decisão favorável do Tribunal Constitucional a um habeas corpus, Fujimori deixou o presídio, em Lima, onde cumpria pena de 25 anos de prisão.


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