Com atraso, Polícia Civil do RJ prende dois envolvidos no escândalo dos laudos laboratoriais falsificados

O caso dos transplantes de órgãos infectados pelo vírus do HIV, no Rio de Janeiro, ganha um novo capítulo. Seis pessoas que estavam na fila do transplante da Secretaria Estadual de Saúde do RJ receberam órgãos infectados pelo vírus de dois doadores e agora testaram positivo para o HIV.

Nesta segunda-feira (14), a Polícia Civil fluminense deflagrou a Operação Verum, para tentar prender quatro investigados. A ação policial acontece com inexplicável atraso, pois o caso já era de conhecimento das autoridades há pelo menos um mês, mas veio a público somente na última sexta-feira (11).

Até o momento, dois homens foram sido presos. Um deles é Walter Vieira, sócio do laboratório PCS Lab Saleme, apontado pelo governo do Rio de Janeiro como responsável pelo erro que causou as infecções.

Médico ginecologista e responsável técnico do laboratório, Walter Vieira assinou um dos laudos com o falso negativo para HIV. Ele é tio do deputado federal Dr. Luizinho (PP), que foi secretário de Saúde do Rio de Janeiro e atualmente é líder do partido na Câmara dos Deputados. O segundo preso é Ivanilson Fernandes dos Santos, apontado como um dos responsáveis pelo laudo.

Os alvos dos mandados de prisão são investigados por crime contra as relações de consumo, associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documento particular e infração sanitária.

Os advogados que representam o laboratório PSC Lab Saleme informaram que os sócios da empresa “prestarão todos os esclarecimentos à Justiça”

As prisões deveriam ter ocorrido por ocasião da descoberta do escândalo, assim como o bloqueio de valores nas contas bancárias do laboratório e dos sócios, como forma de garantir as devidas indenizações às vítimas.

Agentes da Delegacia do Consumidor (Decon) também iniciaram nesta segunda-feira o cumprimento de 11 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Plantão Judiciário do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. A sede do PCS Lab Saleme, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, teve de ser arrombada pelos policiais, pois o local estava interditado desde a última semana.

Polícia aponta falsificação de laudos

“As investigações indicam que os laudos, falsificados por um grupo criminoso, foram utilizados pelas equipes médicas, induzindo-as ao erro, o que levou à infecção dos pacientes. Um dos pacientes veio a falecer, com as causas da morte ainda sob investigação”, informou a Polícia Civil.

A polícia investiga se o PCS Lab Saleme falsificou laudos em outros casos além dos transplantes. A unidade atendia outras 10 unidades de saúde estadual.

“Diversas diligências complementares estão sendo realizadas para identificar toda a cadeia de profissionais envolvidos nesse esquema criminoso, e todos serão prontamente responsabilizados na medida da sua respectiva culpabilidade”, informou a Decon.

A falsificação ficou comprovada quando a biomédica Júlia Moraes de Oliveira Lima, que mora na cidade de Recife e nunca trabalhou para o laboratório, teve o registro profissional utilizado em laudo assinado pelo também biomédica Jacqueline Iris Bacellar.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, deveria se antecipar e de pronto indenizar as vítimas, uma vez que a responsabilidade pela contratação do PCS Lab Saleme é do Estado. Usar a conhecida morosidade da Justiça para indenizar as vítimas no futuro é inequívoco ato de insensibilidade.

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