Evandro Teixeira, um dos maiores fotojornalistas brasileiros, morre aos 88 anos, no Rio de Janeiro

Um dos maiores fotojornalistas brasileiros de todos os tempos, Evandro Teixeira morreu nesta segunda-feira (4), no Rio de Janeiro, aos 88 anos de idade. Ao longo de mais de 70 anos dedicados ao fotojornalismo, Evandro registrou acontecimentos históricos do século XX no Brasil e no mundo. Seus registros fotográficos representam um acervo histórico que permite compreender e dissecar o passado a partir das imagens.

Evandro estava internado na Clínica São Vicente, no bairro da Gávea, na zona sul da capital fluminense. De acordo com a unidade médica, a morte ocorreu por falência múltipla de órgãos, em decorrência de complicações de uma pneumonia. O velório será na Câmara Municipal do Rio de Janeiro nesta terça-feira (5), das 9h às 12h.

Baiano de Irajuba, Evandro Teixeira era dono de um talento surpreendente e de humor contagiante. Iniciou a carreira em 1958 no jornal “O Diário de Notícias”, de Salvador. Depois, transferiu-se para o “Diário da Noite”, do grupo dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, no Rio de Janeiro.

Em 1963, foi contratado pelo Jornal do Brasil, onde alcançaria a maior projeção como fotojornalista. Foram quase 47 anos na empresa, de onde saiu em 2010, quando o JB deixou de circular na versão impressa e passou a ter apenas a edição digital. Ele também se tornou autor dos livros: Fotojornalismo (1983); Canudos 100 anos (1997); e 68 destinos: Passeata dos 100 mil (2008).

Entre os muitos registros fotográficos de Evandro Teixeira, destacam-se a Copa do Mundo de 1962, a repressão ao movimento estudantil de 1968, os golpes militares no Brasil e no Chile e o massacre de Jonestown, em 1978.

É de sua autoria a emblemática imagem da tomada do Forte de Copacabana, em 1º de abril de 1964, que mostra as silhuetas dos soldados em meio a uma chuva torrencial. A referida foto traduz o difícil período enfrentado pelo Brasil sob o manto do autoritarismo e da truculência dos governos militares. Contudo, a fotografia mais conhecida de Evandro Teixeira é a de um estudante caindo no chão, enquanto dois policiais se preparam para atacá-lo, em meio às manifestações contra a ditadura no dia 21 de junho de 1968 (foto abaixo).

As obras de Evandro integram coleções de instituições como o Museu de Arte de São Paulo (Masp), o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) e o Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro.

Generosidade, uma de suas marcas

Além do inquestionável talento e do olhar apurado para os fatos, Evandro Teixeira era extremamente generoso. O editor do UCHO.INFO, que começou a carreira jornalística como fotógrafo, atividade que mantém até hoje, teve o privilégio de conviver com Evandro no Jornal do Brasil.

Colaborador da “Revista de Domingo”, encarte semanal do JB, o editor muito aprendeu com Evandro, que sempre tinha tempo e paciência para ensinar, com a mesma dedicação com que atuava por trás das câmeras.

A criatividade de Evandro Teixeira não se limitava à fotografia e à forma como conseguia registrar as imagens. Sempre sorrindo, tinha soluções para os mais difíceis imprevistos. Auxiliou o editor em situações complexas, como a de uma inesperada hospedagem no Hotel Copacabana Palace.

Evandro Teixeira foi um dos grandes mestres e fontes de inspiração do editor do UCHO.INFO, assim como os igualmente talentosos Orlando Brito e Dida Sampaio, dois fotojornalistas magistrais, que nos deixaram precocemente, e responsáveis pela retomada da fotografia como atividade profissional.

Nota de pesar

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou nota de pesar pela morte de Evandro Teixeira, a quem Lula considera referência no fotojornalismo do Brasil e do mundo.

“Evandro deixa um acervo de mais de 150 mil fotos, com imagens que fazem parte da história do Brasil. Cobriu posses presidenciais, registrou a fome, a pobreza, esportes, personalidades e a cultura do nosso país. Meus sentimentos aos familiares, amigos, colegas e admiradores de Evandro Teixeira”, disse Lula, lembrando os mais de 70 anos de carreira do fotógrafo e a emblemática foto da tomada do Forte de Copacabana, de 1964.

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