O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, não teve humildade para admitir que tentar a reeleição aos 82 anos era uma operação de alto risco. Não se trata de etarismo, mas de ter consciência de que certas tarefas exigem doses extras de disposição para executá-las. Estar à frente da maior potência econômica e militar do planeta é um considerável desafio.
Além disso, Biden comprometeu a candidatura de Kamala Harris à Casa Branca. Tivesse mais tempo para fazer campanha, Kamala talvez conseguisse resultado melhor na recente eleição presidencial americana.
À cúpula do Partido Democrata faltou coragem para sinalizar a Biden que seu plano político era muito arriscado. Os democratas sequer realizaram eleições primárias para escolher o candidato do partido para enfrentar Donald Trump. Atual vice-presidente dos EUA, Kamala Harris foi escolhida da noite para o dia como substituta de Biden na corrida presidencial americana. Não obstante, Harris passou quase despercebida durante o mandato de Biden.
Em matéria anterior, afirmamos que a postura de Joe Biden o obrigaria a deixar a política norte-americana pela porta do fundo. Se até então esse era um cenário evidente, agora não resta dúvida a respeito.
No domingo (1º), Joe Biden decidiu conceder perdão presidencial ao filho Hunter, de 54 anos, alvo de duas ações penais na Justiça dos Estados Unidos. Ao longo do ano, o presidente dos EUA afirmou diversas vezes que não interferiria nos problemas legais do filho.
O perdão presidencial poupa Hunter de possível sentença de prisão tanto no processo por compra ilegal de uma arma de fogo como no caso de sonegação de impostos, após ele ter sido condenado em ambos.
Biden argumentou que as acusações foram politicamente motivadas e destinadas a prejudicá-lo politicamente. “As acusações nos casos dele [Hunter] surgiram somente depois que vários de meus oponentes políticos no Congresso as levantaram para me atacar e se opor à minha eleição”, afirmou.
Perdão amplo
A decisão foi anunciada poucas semanas antes de Hunter, já condenado, ser sentenciado nos dois casos e menos de dois meses antes do retorno do presidente eleito, Donald Trump, à Casa Branca.
O amplo perdão do presidente abrange não apenas os processos de armas e de impostos, mas também quaisquer outros “delitos contra os Estados Unidos que ele [Hunter] tenha cometido ou possa ter cometido ou participado durante o período de 1º de janeiro de 2014 a 1º de dezembro de 2024”. O caso da compra ilegal da arma ocorreu em 2018. Já os problemas com impostos em 2016.
O jornal “The New York Times” observou que a concessão de perdão a crimes que Hunter “possa ter cometido” a partir de 2014 chama a atenção porque há suspeitas de que agentes estrangeiros o pagaram para influenciar o governo dos EUA. Em 2014 – quando seu pai era vice de Barack Obama -, Hunter passou a trabalhar para uma empresa de energia ucraniana chamada Burisma, episódio que levou adversários republicanos a acusarem o filho de Biden de atuar como lobista.
Rivais usaram o filho para atacar Biden
Em junho, Biden descartara categoricamente um perdão presidencial para seu filho, durante o processo no caso da arma, em Delaware. “Eu acato a decisão do júri. Farei isso e não irei perdoá-lo.”
Em publicação na rede social Truth Social, Trump chamou o perdão de “um abuso e erro judicial”. Ele sugeriu que alguns dos manifestantes acusados no âmbito da invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, poderão ser perdoados quando ele assumir o cargo. É importante lembrar que Trump não é a pessoa mais indicada para tratar do assunto.
Biden sempre ficou ao lado de seu único filho vivo durante o sério problema de drogas de Hunter, que só se recuperou nos últimos anos. Rivais políticos há muito tempo usam os problemas pessoais de Hunter com drogas para atacar o pai: legisladores chegaram a exibir, durante audiência parlamentar, fotos do filho do presidente seminu em um hotel.
Os presidentes dos Estados Unidos têm autoridade para conceder o perdão presidencial a qualquer pessoa que desejarem. Outros presidentes também já usaram esse poder, no fim do mandato, a favor de amigos e aliados que enfrentavam problemas com a Justiça. Mas o perdão a um membro da família é mais raro e Biden é apenas o terceiro presidente da história dos EUA a conceder o indulto a um familiar.
Antes dele, Bill Clinton perdoou seu meio-irmão Roger Clinton por acusações de tráfico e posse de cocaína. Já Donald Trump perdoou o pai de seu genro, Charles Kushner, por evasão fiscal e outros crimes. No fim de semana, Trump divulgou que nomearia Kushner para ser o embaixador dos EUA na França. (Com agências internacionais)
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