O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é dono de invejável habilidade política, algo comprovado nos dois primeiros mandatos, mas que tem enfrentado solavancos na sua terceira passagem pelo Palácio do Planalto.
Na quarta-feira, durante ato alusivo aos dois anos da fracassada tentativa de golpe de Estado, liderada por Jair Bolsonaro, o petista cometeu um ato falho ao dizer que é “amante da democracia”.
“É por isso que eu sou um amante da democracia. Não sou nem marido. Eu sou um amante da democracia, porque na maioria das vezes os amantes são mais apaixonados pela amante do que pelas mulheres. E eu sou um amante da democracia porque eu conheço o valor dela”, afirmou o presidente.
A declaração, considerada por muitos como machista, causou desconforto na primeira-dama Rosângela “Janja” Lula da Silva, que demonstrou facialmente sua contrariedade.
Deixando de lado o assunto que o casal Lula e Janja devem resolver no Palácio da Alvorada, o presidente precisa esclarecer se de fato é um convicto amante da democracia. Afinal, a postura do governo brasileiro em relação ao ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, é dúbia.
Se realmente Lula é um amante da democracia, como disse durante evento no Palácio do Planalto, já passou da hora de criticar de maneira incisiva a maneira como Nicolás Maduro se declarou presidente reeleito da Venezuela, ignorando a preferência declarada da maioria dos venezuelanos e se negando a apresentar as atas eleitorais, o que sugere fraude.
Não obstante, Maduro, que governa com mão de ferro e realiza eleições marcadas para vender a deia de que o regime venezuelano é democrático, vem adotando medidas truculentas contra seus principais adversários políticos, María Corina Machado e Edmundo González Urrutia.
O oposicionista González deixou a Venezuela após ter concorrido à presidência do país e se declarado vencedor, como mostram as atas eleitorais, mas seus familiares enfrentam a truculência do governo de Nicolás Maduro. O genro de González, Rafael Tudares, foi sequestrado por agentes do regime local enquanto levava os filhos à escola.
“Homens encapuzados e vestidos de preto o interceptaram, colocaram-no em uma caminhonete dourada, placa AA54E2C, e o levaram embora. Neste momento ele está desaparecido”, afirmou Edmundo González.
Em outro vértice da toada intimidatória, familiares de María Corina Machado também enfrentam a fúria de Maduro. De acordo com a líder da oposição venezuelana, a casa de sua mãe, uma senhora de 84 anos, foi cercada. Os prepostos do ditador cortaram a energia elétrica na região onde mora a mãe de María Corina.
“Colocaram postos de controle em toda a região e a sobrevoaram com drones”, escreveu Corina. “Minha mãe tem 84 anos, está doente, com problemas crônicos de saúde. Maduro e companhia, vocês não têm limite em sua maldade. Covardes”, finalizou.
Resumindo, se o presidente Lula é “amante da democracia”, como afirma, que não apenas dispare críticas ao governo ilegítimo de Nicolás Maduro, mas ordene que a representante da diplomacia brasileira na Venezuela não participe da posse de um autocrata criminoso.
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