Extrema direita confunde liberdade de expressão com direito de mentir, ofender e difamar

Em 2018, meses antes do início da campanha presidencial, afirmamos que caso vencesse a eleição daquele ano, Jair Bolsonaro em algum momento tentaria dar um “cavalo de pau” na democracia. Como esperado, fomos atacados dura e covardemente pela súcia bolsonarista, que de maneira criminosa nos acusou de contar com recursos do megainvestidor bilionário George Soros, cuja simpatia pela esquerda é largamente conhecida.

Continuamos firmes em nossas afirmações, inclusive durante o pior governo da história nacional, sem abaixar a cabeça para golpistas enrustidos que saíram do armário no fatídico 8 de janeiro. Durante todo tempo estivemos certos de que uma tentativa de golpe aconteceria, como de fato ocorreu.

A vitória de Lula nas urnas de 2022 foi incontestável, apesar dos devaneios do golpista e contrabandista de joias, que incensa sua turba com declarações paranoicas.

Ninguém ó obrigado a gostar ou concordar com essa ou aquela corrente ideológica, mas recorrer a uma avalanche e mentiras para desacreditar um governo é apunhalar a democracia. No artigo “A democracia depende da verdade”, publicado no Estadão em 14 de janeiro deste ano, o competente jornalista Ricardo Viveiros destaca a importância do Estado de direito e o perigo da desinformação.

“O combate às fake news é uma questão urgente que requer a participação de todos os setores da sociedade. À medida que nos aproximamos das eleições de 2026, é vital que os cidadãos estejam cientes dos riscos da desinformação e que as instituições trabalhem para garantir um ambiente eleitoral correto e transparente. A manutenção do estado democrático de direito, das liberdades constitucionais e da justiça social são nosso valioso patrimônio.”, escreveu Viveiros em seu precioso artigo.

O filme “Ainda Estou Aqui”, com Fernanda Torres e Selton Mello, é um alerta para aqueles que ainda prezam a democracia e a liberdade.

Filha de dois “monstros sagrados” da dramaturgia – Fernando Torres e Fernanda Montenegro –, Fernanda Torres conquistou o Globo de Ouro por inquestionável merecimento. Sua atuação no papel de Eunice Paiva é de arrepiar. Quem viveu os horrores da ditadura militar sabe ser impossível não colocar no Olimpo da cinematografia o filme de Walter Salles.

Como citado acima, ninguém é obrigado a concordar com a esquerda e suas pautas, mas apelar a mentiras é desvario. Há dias, nas redes sociais, algum delinquente intelectual publicou vídeo afirmando que Fernanda Torres pediu ao governo para comprar o Globo de Ouro.

“Escuta essa: a bonita pediu para a meretriz que está no governo comprar para ela um Globo de Ouro. Aí, eu te pergunto: Quanto custa um Globo de Ouro? Porque você pagou por ele, afinal. Eles não têm dinheiro nenhum, todo o dinheiro que eles usam é o seu dinheiro”, afirma a publicação.

Se “Ainda Estou Aqui” escancarou os porões da ditadura, algo que incomoda sobremaneira os militares de hoje e os entusiastas do totalitarismo – eles são muitos milhões – é porque a obra atingiu seu objetivo de forma magistral.

A “meretriz que está no governo” é referência chula e rasteira à primeira-dama Rosângela “Janja” Lula da Silva, citação que de chofre desqualifica a postagem eivada de mentiras.

Sabem os leitores que o UCHO.INFO, que sempre fez jornalismo com responsabilidade – e continua fazendo –, tem criticado a ingerência descabida de Janja em assuntos do governo federal. Se a terceira passagem de Lula pelo Palácio do Planalto tem registrado tropeços, boa parte deles é fruto da intromissão da primeira-dama. Lula perdeu os primeiros dois anos de seu governo com “picuinhas ideológicas” e “fogo amigo”.

Em que pese o fato de Janja ter levado ao Palácio do Planalto seu conhecido ativismo ideológico-partidário, que chega a ser pernicioso, referir-se à primeira-dama como “meretriz” é demonstração de covardia. Aliás, a covardia está explicita porque o vídeo não cita a palavra “primeira-dama” nem o nome de Janja, mas faz referência a ela.

Há diferença entre liberdade de expressão, algo defendido pela extrema direita, e direito a mentir, algo muito pior quando ingressa no terreno da maledicência, das ofensas.

Sobre a sugerida compra do Globo de Ouro pelo governo, trata-se de descomunal mentira, porque “Ainda Estou Aqui” sequer contou com dinheiro público ou qualquer tipo de incentivo fiscal.

A Golden Globe Foundation, que organiza a premiação, e a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) desmentiram o conteúdo do vídeo criminoso.

“Evidentemente a informação é falsa. Não houve qualquer tipo de pagamento do governo federal […]. Cabe informar ainda que o filme ‘Ainda Estou Aqui’ não conta com recursos públicos federais. A obra é uma produção brasileira, em regime de coprodução internacional com a França e financiada com recursos próprios”, destacou a Secom.

Quando o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determina às redes sociais a retirada de informações falsas, a extrema direita, em especial a manada bolsonarista, vai à loucura, alegando que se trata de censura.

Como reagiriam os bolsonaristas se nas redes sociais surgisse uma publicação referindo-se a Michelle Bolsonaro como meretriz? “A democracia depende da verdade”, destacou Ricardo Viveiros em seu artigo.

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