Presidente da Argentina, Javier Milei é um delinquente intelectual que se valeu do populismo barato para chegar ao poder, fazendo promessas absurdas que até o momento não alcançaram o universo da realidade. Isto significa que a situação caótica dos argentinos continua igual, talvez tenha ampliado o raio de alcance.
Milei, que na corrida à Casa Rosada chamou o Papa Francisco de “imbecil” e “representante do mal na Terra”, lamentou nesta segunda-feira (21) a morte do líder da Igreja Católica, os 88 anos.
Não contente, o então candidato populista acusou Francisco de ser um papa que “promove o comunismo e uma agenda política globalista que empobrece os povos”.
Na rede social X, o presidente argentino publicou nota de pesar pela morte de Francisco, que sempre defendeu o que Milei defende desmedidamente.
“ADEUS. É com profunda tristeza que soube nesta triste manhã que o Papa Francisco, Jorge Bergoglio, faleceu hoje e agora descansa em paz. Apesar das diferenças que hoje parecem pequenas, ter podido conhecê-lo em sua bondade e sabedoria foi uma verdadeira honra para mim. Como Presidente, como argentino e, fundamentalmente, como homem de fé, despeço-me do Santo Padre e estou ao lado de todos nós que hoje lidamos com esta triste notícia”, escreveu.
Depois de eleito, Javier Milei baixou o tom das críticas e chegou a encontrar o Papa Francisco, cordialmente, em fevereiro de 2024, quando convidou o pontífice a visitar a Argentina.
Nota oficial
Pouco antes da mensagem de Milei o, o gabinete da Presidência da Argentina havia divulgado comunicado oficial lamentando a morte do pontífice nascido em Buenos Aires em 1936, o primeiro jesuíta e latino-americano a chegar ao comando da Igreja Católica.
“A república Argentina, um país de larga tradição católica e terra do Papa Francisco, lamenta profundamente a partida de Sua Santidade e envia suas condolências à família Bergoglio. O presidente da nação acompanha esse triste momento a todos aqueles que professoram a fé católica e que encontraram no Sumo Pontífice um líder espiritual”, destaca o texto.
“O presidente Javier Milei destaca a incansável luta do papado de Francisco para proteger a vida desde a concepção, promover o diálogo inter-religioso e aproximar a vida espiritual e virtuosa dos mais jovens. Além disso, ele destaca o seu desejo de levar a austeridade à Santa Sé por meio de seus gestos pastorais”.
É importante ressaltar que a nota oficial do governo argentino destacou muito mais os valores de Milei do que os de Bergoglio. Em momento algum, Francisco fez do seu papado “uma luta incansável” contra o aborto, como quer Milei.
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Os contrapontos
A incansável luta de Francisco, que alimentou as mais peçonhentas críticas do líder da extrema-direita argentina durante a campanha presidencial, foi justamente contra o neoliberalismo e a falaciosa política de austeridade que Milei defende.
Em sua passagem pelo Brasil, em 2016, por ocasião do III Encontro Mundial dos Movimentos Populares, o Papa Francisco afirmou que “toda a doutrina social da Igreja e o magistério de [seus] predecessores se rebela contra o ídolo do dinheiro que reina ao invés de servir, tiraniza e aterroriza a humanidade”.
À época, quando a palavra “austeridade” era o pano de fundo de intenso debate na imprensa global, Francisco não mediu palavras para criticar o neoliberalismo. O Papa afirmou que em nome de suposta “austeridade” se provoca ajustes que ao final são prejudiciais.
Sabujo de Trump
Javier Milei não se envergonha de dedicar vergonhosa subserviência ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que à sombra de esquizofrenia política já deu mostras de que, com base no irresponsável “tarifaço”, pretende impulsionar a miséria global.
As medidas adotadas por Trump, em nome de um nacionalismo míope e desproposital, atraíram o interesse de Milei, que agora flerta com a possibilidade de tirar a Argentina do Mercosul e firmar parceria comercial com os Estados Unidos.
Quando estiverem à beira do precipício do descrédito, Milei e Trump, cada qual no seu íntimo, pedirão ajuda aos céus. Afinal, o totalitarismo oportunista de ambos é a recepção do fracasso no longo prazo.
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