O último adeus ao Papa Francisco

Sob intensa comoção, a Igreja Católica e centenas de milhares de fiéis se despediram neste sábado (26) do Papa Francisco, em uma série de cerimônias que foram palco de recados para líderes globais e apelos pela paz, mas que também refletiram a missão do pontífice argentino em liderar uma Igreja dedicada aos pobres e marginalizados.

Francisco, o primeiro pontífice das Américas e que liderou a Igreja por 12 anos, morreu na última segunda-feira, aos 88 anos. Após três dias de velório, o caixão de madeira com o corpo do Papa foi inicialmente levado para a Praça São Pedro, no Vaticano. A primeira cerimônia deste sábado, a missa de Exéquias, durou cerca de duas horas.

Apelos pela paz diante de líderes globais

Presidida pelo decano do Colégio Cardinalício, Giovanni Battista Re, que era próximo de Francisco, a missa, acabou sendo usada para renovar apelos passados do Papa. Diante de líderes como o presidente americano Donald Trump, e o ucraniano Volodymyr Zelensky, o cardeal Re, em sua homilia, foi aplaudido ao afirmar: “A guerra é somente morte de pessoas, destruição de casas, de hospitais e escolas. A guerra deixa sempre o mundo pior de antes”.

O cardeal ainda fez referência a uma fala de Francisco sobre “construir pontes, não muros”, dita inicialmente pelo falecido Papa em 2016, quando Trump ainda concorria ao seu primeiro mandato e tinha como principal proposta construir um muro para separar os EUA do México e conter a imigração.

Mais de cem delegações estrangeiras participaram da missa fúnebre no Vaticano. Além de Trump, acompanharam a cerimônia Luiz Inácio Lula da Silva, a ex-presidente Dilma Rousseff, o argentino Javier Milei, assim como o chanceler federal alemão Olaf Scholz e o secretário-geral da ONU, António Guterres.

Falando à imprensa após a missa, Lula disse torcer para que o próximo Papa seja igual a Francisco.

“Francisco foi o líder religioso mais importante do primeiro quarto desse século. Ele era mais do que um Papa, se preocupava com as guerras, a fome e as questões que afligem o povo no mundo inteiro. Quisera Deus que o próximo Papa seja igual a ele, com os mesmos compromissos religiosos e de combate à desigualdade”, afirmou o presidente brasileiro.

Já a ex-presidente Dilma Rousseff, que também participou do funeral do Papa Francisco, disse neste sábado que o argentino foi “um dos maiores homens dos séculos 20 e 21”.

“Papa com um coração aberto a todos”

Ainda na missa fúnebre o cardeal Battista Re, afirmou hoje que Francisco “foi um Papa no meio do povo, com um coração aberto a todos”, atento ao que “de novo estava a surgir na sociedade”.

Na homilia, Re, que também é decano do Colégio de Cardeais, sublinhou “a manifestação popular de afeto e adesão, (…) nos últimos dias”, após a morte do Papa, mostram “quanto o intenso pontificado de Francisco tocou mentes e corações”.

“Com o vocabulário que lhe era característico e com a sua linguagem rica de imagens e metáforas, procurou sempre iluminar os problemas do nosso tempo com a sabedoria do Evangelho, oferecendo uma resposta à luz da fé e encorajando-nos a viver como cristãos os desafios e as contradições destes anos cheios de mudanças, que ele gostava de descrever como uma ‘mudança de época’“, disse.

Para o cardeal, a decisão de Jorge Bergoglio de adotar o nome Francisco “manifestou-se logo como a escolha do programa e do estilo em que queria basear o seu pontificado, procurando inspirar-se no espírito de São Francisco de Assis”.

“Conservou o seu temperamento e a sua forma de orientação pastoral, imprimindo de imediato a marca da sua forte personalidade no governo da Igreja, estabelecendo um contato direto com cada pessoa e com as populações, desejoso de ser próximo a todos, com uma atenção especial às pessoas em dificuldade, gastando-se sem medida, em particular pelos últimos da terra, os marginalizados”, acrescentou na sua homilia.

Praça São Pedro e ruas de Roma lotadas na despedida

Cerca de 250 mil pessoas lotaram a Praça de São Pedro e a Via della Conciliazione, a grande avenida que a precede, para acompanhar o funeral do Papa Francisco, apontou o Vaticano.

A praça, com capacidade para 40 mil pessoas, atingiu rapidamente sua lotação máxima, e autoridades locais realocaram a maré de fiéis para os arredores, onde foram instalados telões para acompanhar a cerimônia.

Somadas às cerca de 150 mil pessoas que acompanharam o cortejo fúnebre do Papa pelas ruas de Roma, a estimativa é que 400 mil pessoas acompanharam o funeral. (Com agências internacionais)

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