(*)Ipojuca Pontes
“O nacionalismo é o último refúgio dos canalhas” – Samuel Johnson, lexicógrafo inglês
O Partido dos Trabalhadores e os chamados “partidos da base aliada” estão criando todo tipo de expediente para desmoralizar a CPI da Petrobras, antes mesmo que ela seja instalada. São manobras ardilosas executados por quem, no Senado, conhece de perto as tramas adequadas para impedir que se abra a caixa-preta da poderosa empresa estatal, transformada hoje no mais sólido trampolim para se implantar uma “república popular” no País, projeto do Foro de São Paulo – criado por Fidel Castro e Lula – exclusivamente voltado para “restabelecer na América Latina do que foi perdido no Leste Europeu”.
(Admita-se ou não, antes de ser um instrumento de manipulação política, os colossais recursos financeiros da estatal do petróleo, manobrados por mãos ávidas dentro governo, vêm se qualificando, tal como na Venezuela de Chávez, como uma formidável alavanca para se erguer o “Estado Forte” de Lula).
No entanto, a julgar pelo espantoso volume de cartas enviadas aos jornais, a opinião pública ainda existente no País clama para que a “oposição”, ou o que se tem como tal, encare com firmeza a urgente tarefa de levar adiante o inquérito parlamentar, mesmo que ele seja totalmente controlado pelo governo e que sua presidência e relatoria fiquem nas mãos dos que não querem que a verdade negra, envolta com o dinheiro fácil jorrado dos cofres da Petrobras, venha à tona.
No final dos anos 1950, quando ainda rapazola incauto, participei de varias marchas em favor da “intocabilidade” da Petrobras. Numa delas, contra a presença do Secretario de Estado norte-americano Foster Dulles, em visita ao Brasil, gritava, furioso, “Go home, ianque! Go home, ianque!” E reverberava alucinado, cordoveias dilatadas, tal qual o perfeito “idiota útil”, sem saber exatamente do que tratava: “O petróleo é nosso! O Petróleo é nosso!”.
Não sei se, de fato, à época, o petróleo era nosso, isto é, do povo brasileiro, do padeiro da esquina ou do trabalhador que sai de casa (muitas vezes a pé, quem sabe devido aos preços elevados dos combustíveis) e sangra o dia todo para sustentar a boa vida das mais diversas corporações. Anos depois, investigando o assunto, descobri que os comunistas, com seus slogans demagógicos, sempre estiveram rondando a Petrobrás – e logo fiquei desconfiado.
Hoje, no entanto, tenho certeza absoluta que o petróleo da Petrobras não é “nosso”. Muito antes pelo contrário: ele pertence inteiramente ao PT e seus agregados políticos, entre eles os diversos partidos comunistas e socialistas, Ongs esquerdistas, MST, UNE e entidades sindicais, como, por exemplo, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que ocupa considerável parte dos três mil cargos gerenciais da empresa, a compor uma vasta e bem remunerada nomenclatura, cujos padrões ideológicos, de ordem totalitária, ferem de morte a democracia formal.
Algumas almas penadas, de boa fé, perguntam pasmas de espanto: – Por que Lula, um político astuto, proclama abertamente não haver “fato determinado” para a instalação da CPI e diligencia pessoalmente para que não se abra a caixa-preta da Petrobrás?
Bem, as razões são muitas e já foram expostas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público depois de exames acurados. Segundo o noticiário da mídia, os buracos são muitos: eles vão desde denúncias de supostas irregularidades na Agência Nacional de Petróleo, incluindo a sonegação de tributos (no entendimento de alguns, na ordem de R$ 4,300 bilhões), até as compras sem licitações e fraudes na construção de plataformas petrolíferas, passando por superfaturamento nas obras das refinarias, desvios na distribuição de royalties (um dos quais, dos mais vultosos, envolvendo Victor Marins, o irmão de Franklin Martins, o braço esquerdo de Lula na Propaganda do governo) e nas doações milionárias de fornecedores da empresa ao PT e partidos aliados do governo.
Pelo que foi dado a saber, os integrantes da oposição dentro da CPI estão especialmente interessados em levantar os contratos assinados na área de Comunicação Institucional (dirigida pelo ex-sindicalista Wilson Santarosa), no organograma da Petrobras diretamente ligada ao presidente da empresa, Sergio Gabrielli. Nesta área institucional, responsável pela distribuição de vultosas verbas a programas sociais, ambientais e culturais, soma-se o grosso das apontadas irregularidades. E nela há indícios de concessão de financiamentos a Ongs inexistentes (sem endereços) e patrocínios culturais sem licitação. (Ano passado, os gastos com tais programas e projetos foram estimados em R$ 900 milhões, mas a previsão para o ano em curso – tido como crítico -ultrapassa a casa de R$ 1, 2 bilhão).
Em resposta às denúncias, em específico no que diz respeito ao repasse de verbas destinadas a programas de assistência a crianças e adolescentes, por exemplo, a empresa justifica que não há critério político-partidário na sua distribuição e que a legislação vigente não prevê a sua atuação no campo da prestação de contas nem da fiscalização – como se isso a eximisse de responsabilidade na malversação do dinheiro público.
(A Petrobras orgulha-se de ser hoje uma das empresas mais ricas do mundo, com faturamento anual em torno de R$ 200 bilhões. Quem duvida? Mas eis a razão: enquanto os Estados Unidos vendem um galão de gasolina (quase quatro litros) por U$ 2,30 centavos, no Brasil um litro do combustível (“Podium”, tido como de elevada octanagem) é vendido por R$ 2,99 – o que também explica porque o brasileiro indefeso vai ao trabalho a pé ou faz o fogo da cozinha devastando a floresta).
No encalço da Petrobras, para se contrapor a instalação da CPI, o pesado ministro Paulo Bernardo, do Planejamento, embora sirva a um governo por natureza globalista (como, de resto, todos os governos ditos socialistas: “Operários de todo o mundo, uni-vos!”), apelou para o jogo bruto do nacionalismo: “A oposição pode prejudicar uma das maiores empresas do mundo. Provavelmente está querendo desmoralizar a Petrobras para depois privatizá-la”. Quer dizer, encoberto pelo guarda-chuva roto do patriotismo “enragê”, o ministro de Lula quer passar o rolo compressor por cima das denúncias e justificar o injustificável. Tem cabimento? Como diria Maricá, o Marques, “É doce morrer pela pátria, mas é mais doce ainda viver à custa dela”.
Quando a mim, brasileiro até a raiz dos cabelos – a começar pelo nome, Ipojuca – sou pela imediata privatização da Petrobras, antes que ela se transforme na maior empresa do mundo e o pobre nativo, pasmo de admiração, se torne ainda mais miserável.