Pesquisa revela que 83,2% dos contratadores tem alguma objeção a admitir fumantes
(*) Ana Carolina Castro
Uma pesquisa realizada pela empresa Catho Online mostra que 83,2% dos presidentes e diretores de companhias têm rejeição à contratação de fumantes. Gerentes e supervisores também preferem contratar funcionários que não possuam o hábito: 82,1% fazem ressalvas à contratação de profissionais fumantes. A pesquisa intitulada “A Contratação, Demissão e Carreira dos Executivos Brasileiros” foi realizada entre os meses de março e abril deste ano. Foram entrevistados 16.207 profissionais que trabalham em empresas privadas e com mais de 18 anos de idade. A pesquisa é realizada a cada dois anos pela mesma empresa, e teve início em 1988.
A rejeição por parte dos presidentes e diretores se mantém crescente com o passar dos anos. Em 2003, era de 44,1%, saltando para 48,2% em 2005 e 48,4% em 2007. Enquanto a objeção cresce, o número de fumantes diminui. Esse ano, somente 11,9% dos profissionais afirmam manter o hábito, contra 19,7% em 1997. Segundo pesquisa realizada esse ano pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), 91,8% dos fumantes se arrependem de manter o hábito.
Curiosamente, os responsáveis por vetar a contratação de fumantes são aqueles que mais possuem o hábito. Os presidentes das empresas correspondem a 18,5% dos fumantes, seguidos dos consultores independentes, com 17,7% e diretores, com 14,1%. A consultora de RH da Catho Online, Glaucia Santos, explica: “A rejeição aos fumantes ocorre porque as empresas estão cada vez mais preocupadas com a qualidade de vida dos trabalhadores. Além disso, é comum que os fumantes saiam durante o expediente para fumar, o que reduz o tempo de produção dentro da empresa”.
Sueli Trevizan, 47 anos, é gerente do hotel Estância Piccolo Mondo, localizado em Terra Preta, a 40 km de São Paulo. Fumante desde a adolescência, ela fuma cerca de 20 cigarros por dia, com um intervalo de 40 minutos entre um e outro. Ela acredita que esse hábito é prejudicial à produção do trabalho. “Gasto cerca de 10 minutos por cigarro e isso atrapalha o trabalho. No meu caso nem tanto, pois eu posso fumar enquanto trabalho, não preciso sair da sala para isso”. Sobre os dados da pesquisa, ela concorda que a produtividade de um fumante é reduzida devido ao tempo que se perde saindo para fumar. Não contratá-los, no entanto, não é a solução para ela. “O correto seria criar áreas para fumantes e para não-fumantes dentro das empresas. Assim, o funcionário poderia fumar enquanto trabalha, e seu trabalho não seria prejudicado”, afirma Sueli.
Adriano Meirinho, diretor de Marketing da Catho Online e responsável pela pesquisa, ressalta que o resultado é importante para que os fumantes saibam que o mercado de trabalho não é muito conivente com o hábito: “Acredito que estes dados poderão ajudar os profissionais a repensarem sua qualidade de vida. Pois, além de outros estudos que comprovam que o cigarro é maléfico à saúde, que já faziam com que algumas pessoas refletissem em largar ou não o vício, agora temos esta restrição na hora de conseguir um emprego, que é um fator importante para que cada um reavalie sua carreira profissional”.