Prejuízos à saúde – O cineasta José Padilha, diretor de “Tropa de Elite” (versões 1 e 2), concorda com a liberação da maconha nos mesmos padrões do cigarro comum, com altas taxas de impostos. No Brasil, a mordida dos governos sobre o tabaco é de 45%, muito menor se comparada com o que acontece na Espanha, que sobre os derivados do tabaco chega impõe carga tributária de 70%. O dinheiro arrecadado pelo Fisco brasileiro é destinado à Previdência Social, Saúde e seguro desemprego. Em outros países, como na Inglaterra, os referidos impostos financiam tratamento de câncer, hospitais e exames dentários e oftalmológicos.
Até 2014, a União Europeia pretende elevar esse porcentual para 63%. O país que mais combate o fumo na Europa é a Inglaterra. Em 2007, a indústria do cigarro pagou R$ 3,5 bilhões em tributos, sendo que 70% desse total se referiam ao Imposto sobre a Produção Industrial (IPI). O aumento de impostos, as restrições aos locais onde se pode fumar e a proibição da publicidade de cigarros são hoje as três ferramentas de combate ao fumo. No Brasil, são 200.000 mortes anuais ligadas aos males decorrentes do consumo de tabaco.
A maconha é legalizada em países como Holanda, México e Argentina. Nos Estados Unidos da América, Canadá e Israel a maconha é usada para fins medicinais contra dores crônicas, falta de apetite, dores de cabeça, insônia e outros males. Considerada a droga mais popular do mundo ocidental, somente no Canadá o comércio da maconha lucrou US$ 1 bilhão em impostos.
José Padilha fez a proposta durante a entrevista que concedeu na manhã desta segunda-feira (6) à “Rádio Band News”. Segundo o cineasta, a maconha responde pela metade do comércio ilegal de drogas no Rio de Janeiro. Ele lembrou que ideia semelhante foi feita à “Folha de São Paulo”, na edição de domingo (5), pelo governador fluminense Sérgio Cabral Filho (PMDB), que disse que “drogas leves” deveriam ser liberadas. O governador, no entanto, não mencionou que tipos de drogas estariam na sua lista.
Há anos, o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ) tem como proposta a liberação da maconha. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) já falou sobre o tema, assim como o ex-presidente norte-americano Bill Clinton. Ambos disseram que na juventude fumaram maconha, mas não tragaram.
A exemplo do cigarro, a maconha também prejudica a saúde e causa dependência. Em muitos casos, pode ser a porta de entrada para vícios mais pesados, como a cocaína e o crack. O uso de entorpecentes se transformou em rumoroso caso de saúde pública.
Resultados preliminares de uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostram que consumidores de maconha têm performance até 30% inferior à de pessoas que não usam a droga em testes relacionados à capacidade de atenção, processamento de informações, abstração, organização de idéias, tomada de decisões e memória. Foram avaliadas, na primeira fase do estudo da Unifesp, cerca de 180 pessoas, das quais 130 eram viciadas na droga. As 50 restantes, que faziam parte do grupo de controle, não usavam maconha. Todas se submeteram a 10 testes neuropsicológicos.
O alcoolismo é outra doença social. Atinge cerca de 10% a 12% da população mundial. No Japão, 33% da população são de fumantes e mais de 50% dos homens fumam. O vício do cigarro pode provocar cerca de 60 tipos de doenças, atacando o coração, esôfago, sendo o mais comum o câncer do pulmão.