Acalmando os ânimos – Com o anúncio de sete novos ministros, através de nota divulgada pela equipe de transição, a presidente eleita Dilma Rousseff reduziu ainda mais o número de ministérios que pode ser negociados politicamente com as legendas que apoiaram sua candidatura e deram sustentação ao governo do metalúrgico Luiz Inácio da Silva. Atual ministro de Relações Institucionais, com assento permanente no Palácio do Planalto, o médico Alexandre Padilha assumirá a pasta da Saúde, sepultando as pretensões político-eleitorais de Sérgio Cabral Filho (PMDB), que tentou transformar o secretário estadual Sérgio Côrtes em ministro e se cacifar para concorrer à Presidência da República em 2014.
Atual ministro dos Esportes, Orlando Silva Jr. (PCdoB) permanece no cargo, acabando com as remotas chances da ex-prefeita de Olinda, Luciana Santos, e da deputada federal reeleita Manuela D’Avila (RS), ambas do Partido Comunista do Brasil.
A indicação de Mário Negromonte, deputado federal reeleito pelo capítulo baiano do Partido Progressista, pode não garantir à presidente eleita os votos do PP na Câmara dos Deputados. Apadrinhado pelo governador Jaques Wagner (BA), Negromonte chega ao cargo sem o apoio total da bancada.
Repetindo o que aconteceu durante boa parte do governo de Luiz Inácio da Silva, quando o Ministério da Cultura ficou sob a batuta do cantor e compositor Gilberto Gil, a pasta na era Dilma será comandada por uma artista. Como forma de retribuir o apoio de Chico Buarque à sua campanha e cumprir a promessa de aumentar o número de mulheres na Esplanada dos Ministérios, a Dilma Rousseff convidou a artista Ana de Holanda [irmã de Chico] para assumir a Cultura. É bom lembrar que mesmo sendo competentíssimo como cantor e compositor, Gilberto Gil não teve uma atuação esplendorosa no Ministério da Cultura. Ao convidar a atriz, cantora e compositora Ana de Holanda, a situação na pasta pode se repetir.
Os outros três escolhidos para compor a equipe ministerial do novo governo são Luís Inácio Lucena Adams, para a Advocacia Geral da União; Tereza Campello (PT), para o Ministério do Desenvolvimento Social; e Luiza Helena de Bairros (PT), para a Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial.
Faltando pouco mais de uma semana para assumir a Presidência da República, a mineira Dilma Rousseff tem dois ministérios e três secretarias, com status ministerial, para aplacar o apetite dos partidos políticos – Ministério da Integração Nacional, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Secretaria de Portos, Secretaria de Políticas para as Mulheres e Secretaria de Relações Institucionais. O PSB, que foi palco de uma queda de braços entre Ciro Gomes e Eduardo Campos, presidente do partido e governador de Pernambuco, por enquanto não conseguiu emplacar qualquer integrante da legenda na equipe da sucessora de Lula. O Ministério da Integração Nacional pode ser o destino mais certo de um nome do PSB. Em viagem à Europa, Ciro Gomes informou à equipe de transição que desistiu de ser ministro. O que pode ser um enorme perigo para o governo do PT, considerando o temperamento nada retilíneo e constante do ex-ministro e ex-governador do Ceará.
Resumindo, a promessa feita por Dilma, logo após a confirmação de sua vitória nas urnas, que a equipe ministerial teria um perfil técnico foi pelo ralo.