(*) Eduardo Pimenta –
A natureza age segundo suas próprias leis. Cabe ao homem saber respeitar e compreender as regras das Leis naturais da Natureza.
A engenharia existe da compreensão destas regras, quando edifica espigões com 5 ou 100 andares de composição vertical. Antes, porém, procura compreender o equilíbrio das leis naturais da natureza como a força do solo, como seus lençóis freáticos, como a força do vento. E como se estivesse pedindo licença ao universo energético em respeito às ditas Leis da Natureza o engenheiro, como um mago, edifica e o homem habita.
Por certo que pelo respeito à ordem pública, já que nem todos são magos, é que se exige a aprovação de projetos de edificação, de casas, de prédios, para observar a ocupação do solo, próximo a rios, aos tipos de solo para ver se comporta tal projeto.
Com a gerência de homens à frente do poder público surge a responsabilidade discricional de aprovação de políticas públicas para estes fins, e a previsão de políticas para os acidentes decorrentes do desrespeito às Leis naturais da Natureza.
A região serrana do Rio de Janeiro, neste janeiro de 2011, nos pôs a participar da solidariedade e a refletir sobre isto.
Em um passado próximo lutava-se pelo direito à liberdade, contra o arbitrário, e muitos sucumbiram pelo caminho. Agora que se tem a liberdade muitos poucos lutam pela capacidade efetiva dos gerentes, que são criadores de política pública, quer no país, quer no Rio de Janeiro.
“Os países são expressões geográficas, e os Estados são formas de equilíbrio político. Uma pátria é muito mais do que isso, é outra coisa: sincronismo de espíritos e de corações, têmpera uniforme para esforço, e homogênea disposição para o sacrifício, simultaneidade na aspiração à grandeza, no pudor da humilhação e no desejo da glória. Quando falta esta comunhão de esperanças, não há, nem pode haver pátria. (…) Quando não há pátria, não pode haver sentimento coletivo”, escreveu Jose Ingenieros.
Se os Estados são equilíbrio político, um político deve ter o equilíbrio. O equilíbrio que fomenta a ação publica e permite a previsão para antever solução diante da reação da natureza, ou da má gerência do homem público.
Qual o equilíbrio dos gerentes do Rio de Janeiro? A presidente Dilma Rousseff demonstrou a capacidade participativa emergencial neste desastre, chamando para si a responsabilidade pela ausência de política publica, e não imputando culpa às Leis Naturais da natureza. Diferentemente do que fez o gerente do Rio de Janeiro, diga-se não falamos dos gerentes municipais. O gerente do Rio de Janeiro legou a culpa à natureza, enquanto a Presidente demonstrou que políticas públicas poderiam ter evitado este desastre com perda de inúmeras vidas, até presente momento estimada em 558 vítimas fatais. Após cinco anos administrando o Estado do Rio de Janeiro, será que o gerente carioca não atentou para o histórico de fatos decorrentes da Lei Natural da Natureza em seu Estado? Você responde.
As Forças Armadas, com seus oficiais, médicos, engenheiros, além dos equipamentos e serendipitismo, que é típico do espírito brasileiro, sabem apresentar soluções para a ausência de pontes destruídas, para acessar lugares bloqueados pela força da natureza; sabem edificar hospitais de campana; organizar a administração de vacinas, a distribuição de alimentos, em ordem de prioridade para crianças e doentes, velhos e adultos. Para tanto contam e sempre contarão com a solidariedade da população, como aliada que se alista na preservação da vida e na luta pela sobrevivência.
O que esta faltando para a ação efetiva de políticas públicas, ou para romper a burocracia? Falta a feitura de leis que prevejam que quando decretado o estado de emergência, decorrente de desastre da natureza, em uma cidade, ou uma localidade, fica autorizado o ministro de defesa a designar automaticamente os recursos para o salvamento da população.
Para gerenciar algo é necessário estar junto, no local, mas a sede do gerente, sequer foi transferida para o local do desastre, ainda que provisoriamente. E a situação na região serrana ainda pode piorar, e muito.
Creio faltar político equilibrado para preservar o equilíbrio político. Que as canetas dos homens equilibrados atuem!