Duelo dominical – O extenso território brasileiro é a casa de mais de 190 milhões de pessoas e cerca de 800 clubes profissionais de futebol. Surpreendentemente, mais de um quarto desses habitantes, boa parte dos quais é quase que geneticamente apaixonada pelo esporte, é composta por torcedores de apenas dois times: Flamengo e Vasco. E embora essa rivalidade tenha sido superada pelo Fla-Flu no passado, o Clássico dos Milhões é que vem se estabelecendo como o maior do Rio de Janeiro, de acordo com o “Fifa.com”.
O número de torcedores não é o único responsável pela explosão de popularidade do início dos anos 1970. Se por um lado Flamengo e Vasco disputaram apenas duas decisões antes desse período, por outro foram 16 finais desde então. Nomes como Zico e Roberto Dinamite, maiores jogadores de todos os tempos nos dois clubes respectivamente, compartilharam época e glórias, tirando o fôlego de amantes do futebol país afora. O clássico, que chegou a atrair multidões de até 175 mil pessoas, tem no seu currículo craques conhecidos no Brasil e no mundo, como Tita, Bebeto, Romário e Edmundo, todos eles já tendo vestido tanto a camisa rubro-negra quanto a cruzmaltina. Nos últimos 40 anos, as duas equipes estiveram entre as mais vencedoras do Brasil.
Flamengo e Vasco já competiam no remo muito antes de se cruzarem nos gramados, mas o ingresso do segundo no Campeonato Carioca de 1922 acabou marcando o primeiro duelo entre os dois no esporte bretão. O encontro aconteceu no mês de abril. Os dois gols de Cecy ajudaram o Gigante da Colina a vencer por 3 a 1, numa caminhada que garantiria o título vascaíno logo na sua estreia na primeira divisão do estadual.
A rivalidade foi intensificada na década de 1930. A animosidade doFlamengo frente ao time de São Januário foi fortalecida com duas derrotas devastadoras. A primeira delas em 1931, quando Russinho comandou a devastadora goleada de 7 a 0 — a maior da história do Clássico dos Milhões até hoje — ao marcar quatro vezes e a outra nos 2 a 0 em plena inauguração do Estádio da Gávea. Por outro lado, o Vasco sentiu a amargura de ver algumas das suas maiores revelações vestirem a camisa do rival, entre eles Leônidas da Silva e Domingos da Guia. O desgosto de um pelo outro crescia e aumentaria ainda mais nas décadas seguintes.