Cabo de guerra – Há nos bastidores do governo paulista uma ferrenha queda de braços na órbita da Secretaria de Segurança Pública. Descontentes com as recentes incursões do secretário Antonio Ferreira Pinto, o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo enviou carta ao governador Geraldo Alckmin em que pede a imediata demissão do titular da Segurança Pública.
O entrevero surgiu no rastro de uma longa operação deflagrada por Ferreira Pinto em 2009 para limpar a Polícia Civil, com direito a punição e exoneração de policiais corruptos, mas que ganhou contornos mais explosivos por conta das críticas que o secretário tem feito à corporação, o que tem desagradado continuamente os delegados paulistas. Quando ainda montava o seu secretariado, Geraldo Alckmin foi pressionado para não manter Antonio Ferreira Pinto no cargo, mas os apelos foram em vão.
Para provar que nenhuma pressão externa produzirá resultados, Alckmin anunciou na manhã de quinta-feira (10) que o governo paulista promoverá concurso para selecionar 130 novos delegados de polícia. A decisão foi tomada em conjunto com o secretário de Segurança Pública, o que o deixa ainda mais forte. “Em relação à Polícia Civil, nós vamos investir muito. Nós vamos fazer concurso público para preencher os claros e ter delegados, inclusive em cidades que ainda não têm”, declarou o governador Geraldo Alckmin.
Por ocasião do anúncio, Alckmin falou sobre o remanejamento de delegados, investigadores e escrivães que atuam no Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e em Circunscrições Regionais de Trânsito (Ciretran) para delegacias de polícia. Com a transferência do Detran da Secretaria da Segurança Pública para outra pasta, cerca de 1.000 policiais civis e militares reforçarão unidades das Polícias Militar e Civil.
Nessa briga entre a Polícia Civil e o Palácio dos Bandeirantes, quem perde é a população, cada vez mais acuada diante da escalada da criminalidade na mais importante unidade da federação. A exemplo do que deve ocorrer no mundo político, onde sobram alarifes de todos os naipes, as corporações policiais precisam enfrentar uma faxina moralizadora sem precedentes, pois do contrário o cidadão continuará prensado entre a ação dos criminoso e o achaque de policiais corruptos.